Rendas dos escritórios vão voltar a disparar em 2025. Porto e Lisboa sob pressão

No segmento dos escritórios, Lisboa e Porto mantêm-se como "áreas de elevada procura", mas a escassez de projetos de qualidade tem vindo a limitar o mercado e a pressionar os preços, alerta CBRE.

A procura por escritórios tem vindo a aumentar e as rendas vão ficar mais caras no próximo ano, impulsionadas pela escassez da oferta, prevê a CBRE. Para além deste segmento, a hotelaria continua a ser uma oportunidade para os investidores, com o valor desta indústria a duplicar em seis anos.

“A nossa expectativa é que haja uma pressão sobre as rendas e isso deve-se à escassez na oferta e muita procura. Em 2024 passamos dos 19 para os 20 euros por metro quadrado e a perspetiva para 2025 é que continue a crescer dentro da mesma percentagem“, afirma Ana Moura, advisory & transaction offices da CBRE Portugal, no evento Porto Property Pace, organizado pela CBRE, que decorreu na Foz esta quinta-feira.

A nossa expectativa é que haja uma pressão sobre as rendas (escritórios) e isso deve-se à escassez na oferta e muita procura.

Ana Moura

Advisory & transaction offices da CBRE Portugal

A consultora explica ao ECO que o aumento no preço das rendas é “transversal ao país, com especial incidência no Porto”. A CBRE explica que esta inflação na Invicta deve-se ao facto de “existirem poucos edifícios novos, pouquíssima construção especulativa e, sobretudo, que cumpram os critérios que as empresas procuram hoje em dia, como sustentabilidade e a tecnologia”.

“No segmento dos escritórios, Lisboa e Porto mantêm-se como áreas de elevada procura, especialmente em zonas prime como a zona ribeirinha e as áreas de CBD1 e CBD2. No entanto, a escassez de projetos de qualidade tem vindo a limitar o mercado”, afirma Francisco Horta e Costa, CEO da CBRE em Portugal, em comunicado. O líder justifica que a “oferta de escritórios de qualidade continua insuficiente, sendo rapidamente absorvida mesmo em áreas menos centrais”.

Até agosto de 2024, o take-up em Lisboa alcançou 154 mil metros quadrados de ocupação, superando os 62,2 mil metros quadrados registados no mesmo período de 2023, enquanto no Porto aumentou de 39 mil para 48 mil metros quadrados, de acordo com dados da CBRE. André Almada, diretor sénior da área de escritórios da CBRE Portugal, prevê que o Porto feche o ano de 2024 com 60 mil metros quadrados de escritórios.

Fonte: CBRE

Ana Moura, advisory & transaction offices da CBRE Portugal frisa que “os investidores podem ter total confiança em investir no Porto”, neste segmento. João Cristina, country manager da Merlin Propreties, corrobora a ideia e salienta que o “mercado dos escritórios é muito estável”.

Além dos escritórios, o valor da indústria hoteleira no Porto duplicou em seis anos, analisando o período de 2017 a 2023. “Os setores de retalho e hotelaria têm-se destacado no panorama imobiliário, beneficiando diretamente do boom turístico que Portugal tem vivido”, destaca Francisco Horta e Costa, CEO da CBRE em Portugal.

À semelhança dos escritórios, o comércio de rua também tem falta de espaços. Carlos Récio, head of retail da CBRE, constata que “tem uma excelente dinâmica no Porto”, especificando zonas como Aliados, Clérigos, Rua Santa Catarina, Mouzinho da Silveira e Flores. E “só não abrem mais lojas porque há falta de produto” imobiliário. Carlos Récio contabiliza que a renda prime já atinge os 85 euros por metro quadrado e que a previsão é que continue a subir.

Rita Marques, presidente Fundação Livraria Lello, nota que “é importante acutelar lojas históricas do Porto”. A ex secretária de Estado do Turismo realça ainda que “é importante criar condições para que essas lojas históricas possam florescer e criar uma relação simpática – para não dizer não tensa – entre o arrendatário e o proprietário, caso contrário fecham as lojas históricas“.

Por fim, Igor Borrego, head of capital markets da CBRE Portugal, considera que os setores da indústria, logística, hotelaria e setores alternativos são oportunidades estratégicas no Porto para investidores. “Existe muito apetite por estes setores”, nota o responsável no evento da consultora onde foram apresentadas as as principais tendências do mercado imobiliário no Porto.

Fonte: CBRECBRE

Dados da CBRE, mostram que o setor imobiliário comercial (não residencial) em Portugal continua a dar sinais de recuperação, com o terceiro trimestre de 2024 a revelar um dinamismo crescente, especialmente nos segmentos de retalho e hotelaria. Durante este período foi captado um investimento de 342 milhões de euros, num total acumulado, até 30 de setembro, de 1.014 milhões de euros, resultados que estão em linha com o mesmo período do ano passado.

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