Ikea Portugal fatura com circularidade e espera crescer
A marca sueca, em declarações ao ECO/Capital Verde, refere que a área circular contribui para as receitas da empresa.
A cadeia sueca de mobiliário e decoração Ikea, com o aumento das preocupações sustentáveis por parte dos consumidores, tem vindo a implementar medidas de sustentabilidade, como, por exemplo, o serviço Segunda Vida e a Área Circular. Este último segmento da loja “tem crescido a cada ano”, pelo que já contribui para as receitas do negócio em Portugal e a expectativa é que continue em trajetória ascendente, segundo declarações de Ana Barbosa, responsável de sustentabilidade da Ikea Portugal, ao ECO/Capital Verde.
De acordo com a empresa, a Área Circular, que vende produtos em segunda mão, representa 1% da faturação total nacional. Ana Barbosa salienta que esta área “tem crescido a cada ano”. Quanto ao futuro, a responsável de sustentabilidade afirma que “todos os indicadores apontam para uma crescente adesão por parte das pessoas, que estão cada vez mais conscientes para a importância da circularidade, e com rotinas e um estilo de vida que cada vez mais necessita deste tipo de soluções”.
A área circular já representa 1% da faturação total nacional.
Entre os anos fiscais de 2018 e 2024, a Ikea Portugal contabilizou mais de sete milhões de artigos salvos nas suas lojas. Este valor, segundo a responsável de sustentabilidade da empresa, reflete as novas necessidades e interesses dos consumidores – “As preocupações ambientais são muito grandes, e em Portugal talvez até maiores do que em outros países da União Europeia”.
Este crescimento, refere a empresa, traduz-se em benefícios como dar uma segunda vida aos produtos, reduzir o desperdício e contribuir para a minimização da pegada de carbono.
Os “círculos” que reduzem a pegada da Ikea
A Ikea, para reduzir o desperdício e diminuir a pegada carbónica, definiu como linhas culturais da empresa a economia circular, de acordo com a responsável de sustentabilidade. Com este objetivo em mente, a empresa espera reduzir a pegada de carbono de toda a cadeia de valor global em 50% até 2030, sendo que, este ano, a Ikea já conseguiu uma redução de 22%. As iniciativas circulares, como o serviço segunda vida e a área circular, contribuem para esta redução carbónica.
A empresa recebe produtos de várias partes, tanto das próprias lojas como devoluções ou dos clientes que vendem os artigos Ikea de novo à própria empresa. A mobiliária sueca conta com uma área interna onde os produtos usados recebidos são avaliados e, conforme explica a responsável de sustentabilidade, “dependendo do estado em que eles estão voltam, ou não, diretamente para stock. As que não estão em condições para serem vendidas como novas, nesse caso, podem ser vendidas [na área circular] em segunda mão”.
A Ikea, desde o lançamento do serviço segunda vida, tem oferecido aos clientes a opção de vender à empresa artigos usados da marca que estejam em boas condições. Nos últimos três anos, a empresa, através deste serviço, recebeu e vendeu mais de 36 mil produtos em segunda mão. “Vendemos pelo valor que compramos, não temos o objetivo de estar a especular”, garante a responsável de sustentabilidade, que aponta que a circularidade não está só apoiada no lado económico. O cliente, com este serviço, pode fazer uma estimativa do valor do seu produto no site da empresa, depois do valor estabelecido e de levar o produto à loja para vender, recebe um cartão de reembolso com o valor acordado, e o artigo é posteriormente revendido na área circular da loja.
Além dos móveis provenientes do serviço segunda vida ou de devoluções que apresentem algum desgaste e que não podem ser vendidos como novos, estão também na área circular os artigos de exposições ou de coleções que, entretanto, foram descontinuados. No que toca à disposição dos artigos nesta secção da loja, a responsável de sustentabilidade da empresa explica: “organizamos a área [circular] como organizamos a loja. Tentamos ter áreas de mobiliário para que seja mais fácil a compra”, refere.
A prática de reutilização dos produtos vai além da compra e venda. Nas lojas, existe também uma “biblioteca de peças sobressalentes”, onde são armazenadas peças recuperadas de móveis que já não estavam totalmente funcionais, o que permite à Ikea aproveitar essas peças na manutenção de outros móveis.
Crescimento Económico e Sustentável
O crescimento na sustentabilidade e nas medidas circulares não é impulsionado apenas pelo lucro, garante a empresa. “O principal objetivo não é financeiro, mas sim oferecer uma solução para os nossos clientes“, refere a responsável de sustentabilidade da Ikea Portugal.
Entre 2021 e 2024, segundo a empresa, o negócio cresceu cerca de 20% em termos absolutos, o que representa para a responsável de sustentabilidade um cenário onde “é possível desassociar o crescimento do negócio do crescimento da pegada carbónica”. “Se nós pensássemos que por estarmos a vender em segunda mão deixamos de vender novo e de repente vamos deixar de vender novo, esse cenário impactava negativamente. Mas se pensarmos nisto num equilíbrio, estamos a querer ter cada vez mais fontes de receita de segunda mão. Ao mesmo tempo, estamos a alargar o tipo de clientes que têm acesso a nós porque eventualmente uma pessoa que não pode comprar novo, não compra no Ikea e desta forma temos um novo cliente”, explica a responsável.
Segundo indicadores da empresa, a tendência para o futuro é a maior adesão a modelos de consumo sustentável e produtos circulares, alinhado com as necessidades dos consumidores que procuram ser sustentáveis a preços reduzidos.
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