“É preciso tornar a Europa grande outra vez”, alerta CEO da Altice Portugal
Ana Figueiredo aludiu ao famoso slogan de Donald Trump para defender que a Europa vai ter de fazer pela vida se não quiser ficar para trás face aos EUA e à China, mas também ao Médio Oriente.
A presidente executiva da Altice Portugal alertou esta sexta-feira que a Europa está “atrasada” nas metas da transição digital para 2030 e afirmou que é preciso “tornar a Europa grande outra vez”, numa referência ao popular slogan de campanha de Donald Trump, reeleito esta semana como presidente dos EUA.
Numa intervenção na conferência da associação de operadores Connect Europe (antiga ETNO), que a Altice Portugal organiza em Lisboa, Ana Figueiredo considerou que o continente europeu arrisca “ficar atrás dos EUA e da China”, mas também de outros países e geografias, como o Médio Oriente, aludindo ao recente relatório apresentado por Mario Draghi sobre a competitividade da União Europeia.
A gestora disse que os problemas estão “diagnosticados”, mas a dificuldade é agir. O setor das comunicações eletrónicas pode desempenhar um papel relevante, porém, a sua sustentabilidade financeira está sob ameaçada, entre outros motivos, pelo enquadramento regulatório existente. “Somos uma indústria fortemente regulada e temos de ter um enquadramento que incentive e promova a inovação”, defendeu.
Temos dificuldades neste momento a investir no 6G. Se eu falo de 6G ao meu investidor, perco a atenção dele no minuto seguinte.
“Nem tudo é sobre o preço”
Há muito que as operadoras já estabelecidas em Portugal se queixam da decisão da Anacom, o regulador nacional das comunicações, de criar condições à entrada de mais uma empresa no mercado com redes próprias. Cerca de três anos depois de o fazer através do leilão de frequências do 5G, o país recebeu esta semana, por fim, uma nova marca de telecomunicações, a Digi, originária da Roménia, que pretende diferenciar-se das concorrentes pelo preço e flexibilidade contratual.
A líder da Altice Portugal não se referiu diretamente à Digi, mas salientou que “nem tudo é sobre o preço”. “É sobre qualidade e inovação. É desempenhar um papel no que está para vir”, acrescentou. No início da semana, também um administrador da Nos, Manuel Ramalho Eanes, disse não ver “inovação” por parte da Digi nos mercados em que a empresa opera (Roménia. Espanha e Itália).
Segundo Ana Figueiredo, os investimentos na Europa arriscam não compensar os acionistas com retornos, pelo que é cada vez mais difícil justificar a alocação de capital para este fim: “Somos uma indústria de capital intensivo e continuamos a investir. A minha preocupação é como é que vamos encarar estas questões, como é que vamos continuar a investir, e a convencer os nossos acionistas a continuarem a investir”.
Em agosto deste ano, a Altice Portugal revelou que investiu 194 milhões de euros nos seis meses até junho, uma diminuição de 19% face ao mesmo período de 2023.
“Se tivermos capacidade de atrair a atenção de investidores, claro que vamos continuar a guiar o investimento para promover a inovação. É mais uma questão de tornar esta indústria muito mais atrativa. Temos dificuldades neste momento a investir no 6G. Se eu falo de 6G ao meu investidor, perco a atenção dele no minuto seguinte”, sinalizou.
O investimento privado das operadoras tem permitido alcançar bons níveis de cobertura de rede 5G, numa altura em que já todos os concelhos têm, pelo menos, uma antena de rede móvel de quinta geração. Por isso, para a gestora, o país até compara bem ao nível da infraestrutura, mas compara mal nas competências digitais.
“Não é só infraestrutura, são também as competências. Competências digitais, básicas mas também avançadas, para impulsionar a economia digital”, apelou Ana Figueiredo, para quem “nunca é tarde demais para acordar” para estas questões.
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