Trabalho a tempo parcial cresce. É mais frequente entre mulheres com filhos
Cerca de 7% dos trabalhadores portugueses estão em regime de "part-time". Fatia está bem abaixo da média europeia, mas aumentou em comparação com o último ano.
O trabalho a tempo parcial aumentou no último ano tanto em Portugal, como no conjunto da União Europeia (UE), de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Eurostat. Esta modalidade de trabalho é mais frequente entre as mulheres, especialmente as trabalhadoras que têm filhos.
“Em 2023, a fatia de trabalhadores a tempo parcial na UE foi de 17,1%, um aumento ligeiro face aos 16,9% registados em 2022″, informou o gabinete de estatísticas, num destaque publicado esta manhã.
Já em Portugal, 7% da população empregada cumpriu as suas funções em regime de part-time em 2023, um valor abaixo da média comunitária, mas acima dos 6,6% registados no ano de 2022.
Apesar destes aumentos homólogos, o Eurostat realça que nos últimos dez anos o trabalho a tempo parcial tem diminuído “de forma lenta, mas consistente”. Se em 2014, 19,1% dos trabalhadores da União Europeia estavam nessa situação, hoje, como já vimos, 17,1% estão a tempo parcial nos seus empregos.
Em Portugal, a tendência verificada na última década foi semelhante. Em 2014, 8,5% dos trabalhadores exerciam as suas funções em regime de part-time, o que compara com a fatia de 7% registada em 2023, conforme já referido.
Por outro lado, o gabinete de estatísticas destaca que há diferenças significativas entre géneros, no que diz respeito à adesão ao trabalho a tempo parcial.
Em 2023, 31,8% das mulheres europeias empregadas e com filhos estavam nessa situação, o que contrasta com 20% das mulheres empregadas sem filhos. Compara também com 5% dos homens empregados com filhos empregados a tempo parcial e com 7,3% dos homens empregados sem filhos nessa situação.
“A diferença no trabalho a tempo parcial entre homens e mulheres com filhos foi, portanto, significante: 26,8 pontos percentuais em 2023. E entre os homens e as mulheres sem filhos foi menos de metade: 12,7 pontos percentuais”, sublinha o Eurostat.
Os maiores fossos entre trabalhadores e trabalhadores com filhos foram registados na Áustria, na Alemanha e nos Países Baixos: 61,2 pontos percentuais, 57,2 pontos percentuais e 54,8 pontos percentuais, respetivamente. Esses são também os três países da União Europeia com as maiores fatias de mulheres com filhos empregadas a tempo parcial.
Em contraste, a Roménia foi o único país do bloco comunitário onde a fatia de homens (com ou sem filhos) a trabalhar em part-time foi maior do que a fatia feminina. Nesse país, 2,9% dos homens com filhos e 3,5% dos homens sem filhos trabalham a tempo parcial, contra 2,4% das mulheres com filhos e 2,7% das mulheres sem filhos.
E em Portugal? Por cá, 4,3% dos homens trabalharam a tempo parcial em 2023 e 9,7% das mulheres estiveram nessa situação. É o correspondente a um fosso de 5,4 pontos percentuais, bem distante do registado no norte do Velho Continente.
É que nesses países (por exemplo, na Alemanha e nos Países Baixos, conforme mencionado), o trabalho a tempo parcial das mulheres após o nascimento entre os filhos é mesmo mais comum do que noutros Estados-membros (ver gráfico acima), como Portugal, onde os baixos salários, inviabilizam esse caminho, de acordo com os especialistas.
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