Ministra afirma que “três em cada dez jovens escolheram emigrar”

Paulo Núncio confrontou a ministra do Trabalho com declarações de Mário Centeno sobre emigração de jovens. Palma Ramalho atirou que "três em cada dez jovens escolheram" sair do país.

Na semana em que o governador do Banco de Portugal veio assegurar que Portugal está a conseguir reter os licenciados, a ministra do Trabalho garante que “três em cada dez jovens escolheram emigrar“, dos quais “muitos” são qualificados.

Maria do Rosário Palma Ramalho está a ser ouvida esta sexta-feira no Parlamento, no âmbito da especialidade do Orçamento do Estado para 2025. Foi neste quadro que o deputado Paulo Núncio, do CDS-PP, confrontou a ministra com as referidas declarações de Mário Centeno.

“Temos a informação que três em cada dez jovens escolheram emigrar e que muita dessa emigração é dos jovens mais qualificados“, respondeu a governante, que destacou também o alto nível de desemprego jovem registado em Portugal, neste momento.

O desemprego jovem tem sido um dos temas a que a ministra do Trabalho mais tem dado destaque, tendo revisto, por exemplo, recentemente os programas de estágios apoiados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e os apoios à contratação destes profissionais para tentar contrariar esse cenário.

No início da semana, o governador do Banco de Portugal salientou que, nos últimos oito anos, a população ativa com formação superior aumentou, em média, 70 mil indivíduos por ano e que das universidades portuguesas (públicas e privadas) saem por ano pouco mais de 50 mil indivíduos.

Ou seja, na visão de Mário Centeno, Portugal está a conseguir reter os seus jovens qualificados e até está a conseguir atrair estrangeiros com habilitações.

Esta posição do também ex-ministro das Finanças contraria o discurso que se tem tornado mais comum em Portugal, que alerta para a “fuga” de milhares de jovens qualificados à procura de melhores oportunidades de carreira e maiores salários.

Sobre a emigração, no final da audição desta sexta-feira, o secretário de Estado do Trabalho, Adriano Rafael Moreira, revelou que o Governo considera o Regressar (que apoia o retorno dos portugueses ao país) “um bom programa”, pelo que irá proceder à sua revisão e reforço.

Governo “sem alergia” ao trabalho independente

Na audição desta sexta-feira, a ministra do Trabalho foi, ainda, questionada por várias vezes sobre a lei do trabalho das plataformas digitais, tendo os deputados procurado perceber se essa será uma das matérias que o Governo vai revisitar na legislação laboral.

Em resposta, Palma Ramalho salientou que este Governo, “ao contrário do anterior”, não tem “nenhuma alergia ao trabalho independente”, garantindo que vai procurar resolver a questão “em conformidade”. “A metodologia é sempre a mesma”, atirou, no entanto, a governante, referindo que esse também será um tema debatido e negociação em sede de Concertação Social.

Já em resposta ao bloquista José Soeiro, a ministra do Trabalho deixou claro que não tem “qualquer intenção” de internalizar os trabalhadores dos call centers da Segurança Social (que hoje estão em regime de outsourcing). “Este Governo não tem preconceitos sobre call centers. O emprego é igualmente digno dentro ou fora da empresa“, assinalou a governante.

Por sua vez, o secretário de Estado do Trabalho deu nota também aos deputados sobre as profissões de desgaste rápido: a 3 de dezembro, será apresentado um relatório intermédio do grupo de trabalho criado pelo anterior do Governo, que terá, depois, até ao final de março para apresentar o seu relatório final. Este será, então, colocado em discussão pública, como está a acontecer, neste momento, com o livro verde da Segurança Social, observou Adriano Rafael Moreira.

Notícia atualizada às 14h53

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