Subsídios fazem crescer rendimento da atividade agrícola este ano

Rendimento da atividade agrícola deve crescer 14,7% este ano à boleia dos subsídios pagos aos produtores agrícolas.

O rendimento da atividade agrícola, em termos reais, deverá aumentar 14,7% em 2024, crescendo pelo segundo ano consecutivo e acelerando face ao ano anterior.

Este aumento resulta, sobretudo, dos subsídios à produção a pagar em 2024, que mais do que duplicaram, com um crescimento superior a 128%, uma vez que se perspetiva um aumento ligeiro do Valor Acrescentado Bruto de 1%, avançou o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) esta terça-feira.

A primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura mostram que uma “ligeira variação nominal negativa da produção do ramo agrícola (-0,5%), conjugada com um decréscimo mais acentuado do consumo intermédio (-1,3%), concorreu para o aumento do Valor Acrescentado Bruto (VAB) em valor (1%)”.

Os dados do INE mostram também que em 2024, o “total de ajudas, classificadas como subsídios, pagos ao produtor agrícola, registe um aumento pronunciado (94,2%), após um decréscimo de 33,3% em 2023, segundo informação disponibilizada pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP)”.

O gabinete nacional de estatísticas mostra que a “transição para o novo Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC, 2023-2027) intensificou o apoio aos produtores este ano, prevendo-se, em particular, um aumento mais expressivo dos outros subsídios à produção (128,4%)”

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

A evolução nominal negativa para a produção vegetal (-1,4%) resulta de um acréscimo em volume de 5,1% e de uma redução dos preços de base (-6,2%), com os vegetais e produtos hortícolas, as plantas forrageiras e o azeite a serem determinantes para este decréscimo nominal.

Preço do azeite desce quase 30% em 2024

As estimativas de produção de cereais apontam para um aumento em volume (10,5%) e em valor (2,5%), para o que contribuiu a generalidade dos cereais, à exceção do milho, que registou um quebra de 14,8%. Este aumento deve-se sobretudo às condições meteorológicas favoráveis.

Já no que toca às plantas industriais estima-se um aumento da produção em valor (19,6%), principalmente devido ao crescimento dos preços em 22,7%. O aumento foi relativamente generalizado, com destaque para as proteaginosas e cana-de-açúcar. Por outro lado, o ano não propiciou uma boa produção de girassol, pelo que se preveem decréscimos do volume e do preço (-20,4% e -2,2%, respetivamente).

Nas plantas forrageiras estima-se um acréscimo em volume (9,6%), em consequência das condições climatéricas, que permitiram uma produção abundante de pastagem. No entanto, os preços diminuíram (-30,5%), após um aumento de 29,8% em 2023.

Relativamente aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (8,1%), que reflete, sobretudo, a evolução dos hortícolas frescos, nos quais se destaca o tomate para indústria, cuja produção deverá aumentar 3,5% devido ao alargamento da área cultivada em 5%, com o INE a apontar que a “produtividade e respetiva qualidade diminuíram”.

Os dados do instituto nacional de estatística mostram que a produção de batata terá diminuído 6,4% em volume, em consequência de decréscimos de área e produtividade nas principais regiões produtoras, tendo a área plantada atingido o valor mais baixo da série. Por sua vez, refletindo a redução da produção os preços deverão ter aumentado 5%.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Nos frutos prevê-se um acréscimo da produção em volume (7,3%), com destaque para as azeitonas (27,1%). Os dados do INE indicam que o “preços dos frutos deverão diminuir 4,%, sendo de destacar as azeitonas (-29,5%)”, impulsionado pela “normalização da procura de azeitona para azeite, que foi muito elevada nos anos anteriores, em resultado da escassez no mercado internacional”.

Na produção de azeite é expectável, para o ano civil de 2024, um acréscimo de produção em volume (18,7%), em “resultado da conjugação da excelente campanha anterior (2023/2024) com a boa campanha em curso (2024/2025)”. O preço deverá registar uma diminuição acentuada (-29,3%), comparativamente aos elevados preços praticados em 2023, como consequência do aumento da produção mundial de azeite e da normalização da oferta.

Em relação ao vinho, as vindimas decorreram com normalidade, estimando-se um decréscimo de produção face ao ano anterior (-5,0%).

Para a produção animal prevê-se acréscimo em volume (3,6%) e uma diminuição dos preços de base (-3,5%), resultando numa estabilização do valor. Para os bovinos, as estimativas apontam para um acréscimo em volume face a 2023 (5,3%), devido ao aumento do abate de bovinos adultos, em particular de novilhos, o que estará relacionado com perturbações de exportações de animais vivos para Israel, decorrentes de razões sanitárias e bélicas, tendo, por isso, aumentado o abate destes animais em Portugal. O preço de base deverá ser semelhante ao de 2023.

Relativamente aos suínos, estima-se um acréscimo em volume (5,2%), em resultado de um aumento no abate de porcos de engorda. Os preços de base deverão ser inferiores aos registados em 2023 (-6,8%).

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Quanto aos ovinos e caprinos, o INE perspetiva um acréscimo da produção em volume (15%), em função dos abates em peso limpo face a 2023, em especial de borregos. Esta situação deve-se às perturbações das exportações já referidas para os bovinos. Os preços de base são bastante superiores aos do ano transato (20,6%), como consequência do aumento dos montantes pagos classificados como subsídios ao produto.

Para as aves de capoeira prevê-se um acréscimo do volume (5,5%), fundamentalmente devido a uma maior produção de frango e de peru (produção particularmente afetada por problemas sanitários em 2023). Os preços registam uma diminuição (-2,9%).

Em relação à produção de leite, são estimados decréscimos em volume (-0,9%) e, mais acentuadamente, em preço (-7,5%). Em 2023 o aumento foi de 17%.

Por fim, o INE destaca que comparando o peso do VAB do ramo agrícola no VAB nacional nos diferentes Estados-Membros constata-se que, entre os triénios 2005-2007 e 2021-2023, o peso relativo da agricultura no total da economia diminuiu em Portugal, mantendo-se ligeiramente acima do da UE27 (1,8% vs. 1,6%), mas abaixo de Itália, Espanha e Grécia (com 2,1%, 2,5% e 3,5%, respetivamente)”.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

No que toca ao rendimento da atividade agrícola em Portugal evoluiu de forma menos favorável do que a média dos Estados-Membros (56,8% vs. 75,3%), entre os triénios de 2005-2007 e 2021-2023, posicionando-se como o 11.º crescimento mais elevado da UE.

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