DBRS é branda com Portugal? Agência responde
Estudo académico sugeriu que Portugal recebe tratamento especial da DBRS, a única agência que mantém a dívida portuguesa acima do nível lixo. Confrontada com estas conclusões, a agência já respondeu.
As críticas académicas de tratamento especial em relação ao rating da dívida de Portugal são rebatidas pela agência DBRS com o argumento de que o país faz parte de um bloco económico que assegura a estabilidade da República em última instância.
Foi publicado na semana passada um estudo que concluiu que a agência de notação financeira canadiana é mais branda com Portugal do que com outros países. Mais: a dívida portuguesa consegue manter-se acima do nível “lixo” por causa de critérios qualitativos pouco claros e transparentes que a DBRS utiliza.
Questionada pelo ECO, a DBRS não aborda diretamente estas duas conclusões que surgem no paper assinado por Annika Luísa Hofmann, Miguel Ferreira e João Lampreia e publicado no Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia.
Não obstante, a agência canadiana argumenta que os ratings que atribui resultam de “opiniões forward looking para avaliar a capacidade de crédito” de um país. E que estas opiniões se baseiam em “análises quantitativas e qualitativas de acordo com metodologias, modelos e critérios aplicáveis”.
“Os nossos ratings focam-se na questão da probabilidade de um emitente reembolsar a sua dívida de uma forma completa e atempada. Esta abordagem tende a levar a menor volatilidade. Mudanças de rating ocorrem com maior probabilidade com base em mudanças estruturais na economia e a política do que devido aos altos e baixos de um ciclo económico”, contextualiza a agência que, sem a sua avaliação, deixaria Portugal de fora do programa de compra de dívida promovida pelo Banco Central Europeu.
Em relação a Portugal, a DBRS descarta qualquer favorecimento ao país devido à sua pertença à União Europeia, que confere maior conforto e segurança para os analistas da agência canadiana.
O estudo académico sublinhou que a DBRS adota um comportamento mais brando com Portugal — em comparação com outras agências de rating, bem como em comparação com outras decisões de classificação da própria DBRS em relação a outros países. E chegou à conclusão de que “o rating objetivo de Portugal é inflacionado subjetivamente numa nota”. Ou seja, sem estes critérios qualitativos menos transparentes, também a DBRS colocaria Portugal no “lixo”, tal como já o fazem as outras três grandes agências de rating.
Resposta da DBRS: “No caso específico de Portugal, consideramos que a adesão ao enquadramento de governo económico da União Europeia promove políticas macroeconómicas credíveis e fornece acesso a estruturas financeiras das instituições europeias, sendo um forte apoio ao rating soberano, contribuindo para a estabilidade do rating“.
"A adesão de Portugal ao enquadramento de governo económico da União Europeia promove políticas macroeconómicas credíveis e fornece acesso a estruturas financeiras das instituições europeias, sendo um forte apoio ao rating soberano, contribuindo para a estabilidade do rating.”
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