Dona da Mimosa torna permanente suplemento de 1 cêntimo por litro aos produtores de leite
Lactogal calcula que valor a incorporar no preço base custará cerca de oito milhões de euros por ano e “garante o pagamento de uma remuneração justa aos produtores pelo trabalho diário realizado”.
A Lactogal, que é o maior grupo lácteo ibérico e a maior empresa agroalimentar em Portugal, chegou a acordo com as suas acionistas para tornar permanente, a partir de 1 de janeiro de 2025, o suplemento de um cêntimo por litro de leite a todos os produtores, que foi atribuído nos meses de novembro e dezembro.
A dona de marcas como Mimosa, Agros, Matinal ou Gresso, que no ano passado recebeu e processou mais de 1.235,7 milhões de litros de leite, calcula que este aumento, a incorporar no preço base, corresponda a um valor anual superior a oito milhões de euros e “garante o pagamento de uma remuneração justa aos produtores pelo trabalho diário realizado”.
José Marques, que há poucas semanas sucedeu a José Capela e Casimiro de Almeida na presidência do conselho de administração do grupo nortenho fundado em 1996, deixando a administração da União de Cooperativas Lacticoop, fala em comunicado num “acordo sustentável economicamente porque contribui para a viabilidade das unidades produtivas leiteiras no nosso país”.
Trata-se de um acordo sustentável economicamente porque contribui para a viabilidade das unidades produtivas leiteiras no nosso país.
“E é sustentável ambientalmente, porque o pagamento deste valor estará associado ao cumprimento de critérios objetivamente definidos e diretamente ligados ao bem-estar animal, à redução das emissões de gases com efeito de estufa e à biodiversidade, entre outros”, acrescenta o gestor, que iniciou o percurso profissional como produtor de leite em 1980 e foi um dos fundadores do Clube de Produtores da Sonae.
A Lactogal, que fatura 1.131 milhões de euros e emprega 1.800 pessoas, sublinha na mesma nota que está a “trabalhar intensamente com as suas acionistas na criação de um programa Produtor Lactogal”. Será divulgado durante o próximo ano e “sustentado por uma abordagem baseada em dados, integrando trabalho de campo e análise de informações recolhidas nas unidades produtivas leiteiras”.
Este anúncio do grupo que lidera o setor em Portugal acontece poucos dias depois de a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenelac) antever que o preço do leite ao consumidor possa subir em 2025, fruto do agravamento dos custos de produção. À Lusa, o presidente citou o aumento dos custos de produção, sobretudo associados à energia, apontando o produtor como o elo mais fraco da cadeia.
Nessa ocasião, Idalino Leão alertou ainda que, sem sustentabilidade económica, o abandono da atividade vai aumentar e poderá mesmo pôr em causa a soberania alimentar do país. E referindo-se diretamente aos supermercados, assinalou que “não gostaria que a distribuição fosse tentada a ceder a alguma oferta de leite mais barato” vindo do estrangeiro.
Segundo dados publicados esta semana pelo Eurostat, depois dos aumentos verificados nos últimos três anos, impulsionados sobretudo pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia, em 2024, os preços do leite diminuíram em 16 dos 27 países da União Europeia, com as descidas mais acentuadas a acontecerem na Finlândia (-12%), em Portugal (-10%) e em Espanha (-8%).
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