Centeno diz que “independência do banco central é mais uma responsabilidade do que um direito”

Governador do Banco de Portugal contou que um banco central não pode estar "tão pendente" do que está na lei para saber o que tem de fazer na missão de garantir a estabilidade, incluindo dos preços.

Para Mário Centeno, num estado de direito, a independência de um banco central não vem das normas legais, sendo “mais uma responsabilidade do que um direito”.

“As leis mudam e nós não podemos estar tão pendentes do que está na lei para sabermos o que temos de fazer”, afirmou o governador do Banco de Portugal esta sexta-feira numa conferência sobre a independência dos bancos centrais organizada pelo Banco de Espanha. “É assim que vejo e como devemos comunicar”, disse.

Segundo Centeno, os bancos centrais devem transmitir estabilidade. “Isso faz parte do nosso ADN, é como nos vemos a nós mesmos”, referiu. E explicou que essas dimensões de independência e estabilidade são importantes para os bancos centrais cumprirem o seu mandato.

“Temos como mandato principal o controlo da inflação. É um drama psicológico que temos: tomar hoje decisões para ancorar as expectativas de inflação no médio prazo. Não monitorizamos a inflação de amanhã ou depois de amanhã. Esta diferença enorme entre a política monetária e outras políticas económicas é o tempo que decorre para ter impacto as suas decisões. Mas há que ver isso com tranquilidade”, disse o também membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE).

Mário Centeno frisou ainda que um banco central tem o papel fundamental na “coordenação de políticas”, dado que dispõe de uma capacidade “parcial” em termos de instrumentos ao seu dispor para controlar a inflação.

“Em Portugal, metade da população não sabia o que era inflação”

Mário Centeno, cujo mandato termina em julho, contou também que tem feito muitas visitas a escolas e universidades nos últimos tempos, mas com “a vantagem” que outros governadores não tiveram antes. “Tivemos inflação e é muito difícil falar de uma coisa que as pessoas não veem”, frisou.

“Em Portugal metade da população não sabia o que era inflação, não tinha experienciado. [Nesse sentido] foi um momento estupendo”, disse.

“Se me dizes que era melhor não ter havido, claro. Uma vez que tivemos, é melhor aproveitar. Devemos utilizar toda a capacidade que temos para comunicar com todos”, acrescentou o governador português.

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