Todos perdem com taxas aduaneiras de Trump, incluindo os EUA
Economias do México e Canadá são severamente penalizadas pelas taxas aduaneiras impostas por Trump, mas os EUA também são afetados. O mesmo acontece com a China.
O Presidente dos EUA cumpriu a ameaça feita na campanha para as presidenciais e decidiu avançar com a imposição de taxas aduaneiras de 25% ao México e Canadá e um adicional de 10% nos produtos importados da China. Uma simulação económica publicada pelo Peterson Institute for International Economics mostra que todos sofrem um impacto económico negativo e um agravamento da inflação.
O artigo, publicado em janeiro pelos economistas Warwick J. McKibbin e Marcus Noland, conclui que o México e o Canadá serão duramente afetados pelas taxas de 25%. As exportações para os EUA representam, nos dois casos, cerca de 20% das respetivas economias.
No caso do país a norte dos EUA, as taxas tiram até 1,26% do Produto Interno Bruto (PIB) face ao cenário base, com o impacto mais acentuado em 2026 e 2027. Para o país da América Central, o impacto é ainda mais severo, chegando aos 2%.
O país liderado por Donald Trump não fica incólume, embora o impacto seja bem mais contido. As taxas aduaneiras de 25% tiram até 0,26% ao PIB nos EUA. “Até ao fim do segundo mandato da administração Trump, o PIB dos EUA seria mais cerca de 200 mil milhões de dólares do que se não fossem aplicadas as taxas”, assinalam os autores.
Estes números provavelmente subestimam o verdadeiro estrago para as três economias, que estão altamente integradas – mas de forma assimétrica, com o México e o Canadá muito mais dependentes do comércio com os EUA do que o inverso.
“Estes números provavelmente subestimam o verdadeiro estrago para as três economias, que estão altamente integradas – mas de forma assimétrica, com o México e o Canadá muito mais dependentes do comércio com os EUA do que o inverso”, refere o artigo. “Os bens intermédios – especialmente nos veículos – atravessam a fronteira várias vezes antes da assemblagem final. A imposição de tarifas em cada fase de fabrico seria desastrosa”, exemplificam.
No caso da taxa aduaneira adicional de 10% para a China, o impacto volta a ser negativo para os dois países, mas bem menos grave do que o agravamento das tarifas ao Canadá e China. O modelo usado por Warwick J. McKibbin e Marcus Noland aponta para um impacto negativo no PIB do país do oriente até 0,16% e de apenas 0,03% nos EUA.
Ao contrário do México e Canadá, que os economistas consideram não terem condições para retaliarem na mesma moeda, no caso da China analisam um agravamento de 10% das taxas impostos aos EUA. Neste cenário, o impacto negativo para a economia americana continuaria a ser muito reduzido e chegaria aos 0,2% no caso do país de Xi Jinping. Ainda assim, durante o mandato de Trump o PIB norte-americano seria 55 mil milhões de dólares inferior.
O agravamento das tarifas resulta também numa aceleração da inflação para os países envolvidos. No caso dos EUA – e considerando as taxas aplicadas à China, Canadá e México – acrescenta 0,54 pontos percentuais ao cenário base para este ano, com o impacto a diluir-se nos anos seguintes. No caso do México, a inflação seria 2,27 pontos mais elevada e no Canadá 1,68 pontos mais elevada.
Numa nota divulgada no domingo, a Capital Economics antecipa que a inflação nos EUA volte a superar os 3% este ano e afirma que qualquer possibilidade de a Reserva Federal cortar as taxas de juro este ano “acabou de morrer”.
A União Europeia deverá ser a próxima visada, com Donald Trump a prometer a imposição de novas tarifas aduaneiras “muito em breve”.
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