Portugal está acima da média europeia na transição verde. Transportes e resíduos travam desempenho

Apesar de estar acima da média europeia no índice de Transição Verde da Oliver Wyman, Portugal apresenta fracos desempenhos nas categorias de transportes e resíduos.

Portugal melhorou o desempenho no Índice de Transição Verde lançado pela consultora Oliver Wyman. Subiu à 15ª posição entre os 29 países europeus analisados, três lugares acima do 18.º lugar alcançado no ano passado, destacando-se nas áreas de economia, natureza e edifícios, e mostrando um pior desempenho nas categorias de transportes e resíduos.

“Os resultados mostram que Portugal está no caminho certo, com avanços significativos, mas há um longo caminho a percorrer e esperamos melhorar a nossa posição em próximas edições”, resumiu a principal da Oliver Wyman, Joana Freixa, numa apresentação que decorreu esta quarta-feira de manhã.

Portugal conseguiu, com o 15.º lugar, colocar-se acima da média europeia na avaliação que é feita pela Oliver Wyman. O índice olha para sete categorias: natureza, economia, resíduos, edifícios, transportes, energia e indústria transformadora. No pódio do índice global estão a Dinamarca, Áustria e Suécia. No extremo oposto, como pior classificado, conta-se o Chipre, a Bulgária e a Grécia.

No que diz respeito à Natureza, o país deu o maior salto: subiu 11 posições face a 2022, até atingir o 14.ºlugar. Portugal destacou-se ao apresentar “valores significativamente acima da média europeia” de área dedicada à agricultura biológica. Em oposição, contudo, Portugal está em 25º no Índice de Exploração de Água. O setor agrícola apresenta uma das taxas mais altas da Europa de consumo de água, embora se registem melhorias desde o ano anterior.

Na componente de edifícios, Joana Freixa assinala o resultado “muito positivo”, com o país a subir à liderança, depois de no ano anterior ter classificado no segundo lugar. Portugal destaca-se pelo uso de energias renováveis para aquecimento doméstico, como é o caso de resíduos de madeira, o que coloca o país acima da média na capacidade de uso de bioenergia. No indicador consumo de eletricidade, Portugal merece apenas um nono lugar e derrapa para 19.º olhando ao número de projetos de edifícios construídos com certificações de construção sustentável. No final da apresentação, a consultora reconheceu que a elevada taxa de pobreza energética em Portugal não foi considerada neste estudo.

Na categoria Economia, Portugal atingiu a 13.ª posição (duas acima do ano passado), apoiado sobretudo pela redução de emissões de gases com efeito de estufa e a diminuição da intensidade das mesmas relativamente ao produto interno bruto (PIB). No entanto, Portugal registou uma diminuição da percentagem da despesa pública em Inovação e Desenvolvimento destinada a objetivos ambientais, assinala a apresentação.

Na energia, Portugal caiu quatro lugares mas mantém-se no “top 10”, tendo em conta o forte peso das energias renováveis, mas também se destaca como quarto classificado em projetos de armazenamento relacionados com baterias. “Esperamos que na próxima edição do GTI [índice] vejamos refletido o investimento em armazenamento” decorrente do concurso lançado recentemente pelo Governo, um incentivo de 100 milhões de euros, afirmou Sofia Cruz, associada na Ibéria, durante a apresentação.

Também na categoria Indústria, Portugal desceu três posições, da 18.ª para 21.ª. “De maneira absoluta, continua a reduzir intensidade de emissões. No entanto, esta melhoria, quando comparada à de outros países, acaba por não ser suficiente”, afirmou Sofia Cruz. A mesma tendência — de evolução positiva em termos absolutos mas má comparação face aos restantes — se verifica nos indicadores “intensidade de resíduos perigosos” e “consumo de energia”.

A travar um melhor desempenho no índice global está a classificação no que diz respeito aos resíduos, categoria na qual Portugal classifica apenas em 28.ºlugar, o penúltimo, depois de ter descido uma posição. “Os nossos resultados são bastante negativos nos três subindicadores desta categoria”, afere Joana Freixa. Portugal tem uma baixa taxa de circularidade, cerca de 10 vezes abaixo dos países líderes (País Baixos e Bélgica), está 19% acima da média dos países avaliados em termos de resíduos gerados e conta 273 quilogramas de resíduos depositados em aterro per capita, 89% acima da média dos países europeus. Joana Freixa destaca que é importante incentivar mais a reciclagem no país para alterar este fraco desempenho.

Também a pesar nos resultados está a categoria de transportes, na qual Portugal desce “um degrau”, para a 19.ª posição. Portugal registou um aumento na percentagem de automóveis com baixas emissões, mas permanece abaixo da média do GTI. Mas o 26.º lugar no que diz respeito ao uso de transportes públicos é o que afeta mais o desempenho do país nesta categoria. As representantes da Oliver Wyman realçam a necessidade de aumentar o investimento em infraestruturas, nomeadamente as infraestruturas ferroviárias.

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