Famílias portuguesas lideram no aumento do poder de compra na Zona Euro nos últimos três anos

Portugal é país da Zona Euro com o maior crescimento do rendimento disponível real das famílias nos últimos 3 anos, ao mesmo tempo que apresenta a sua taxa de poupança mais elevada desde 2021.

O rendimento disponível real das famílias portuguesas tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos, destacando-se como um dos mais expressivos na União Europeia.

Nos últimos três anos, o aumento acumulado do rendimento disponível real das famílias atingiu 7,2%, colocando Portugal na liderança da Zona Euro e em segundo lugar na União Europeia, apenas atrás da Hungria, segundo dados divulgados esta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Esta tendência positiva é espelhada particularmente no último ano, com o rendimento disponível real (descontado pela inflação) das famílias portuguesas a aumentar 6,06% entre o terceiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2024. Mais uma vez, Portugal ficou em segundo lugar na União Europeia, ligeiramente atrás da Hungria, que apresentou um crescimento de 6,12% neste período.

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Os dados da OCDE revelam também que o crescimento do rendimento disponível tem sido acompanhado por um aumento significativo da taxa de poupança bruta das famílias. No terceiro trimestre de 2024 esta taxa atingiu 10,88%, um valor consideravelmente superior aos 8,38% registados há um ano e aos 9,87% observados há três anos. Este aumento da poupança sugere uma maior prudência financeira por parte das famílias portuguesas, possivelmente em resposta à incerteza económica global.

Os dados revelados pela OCDE vão ao encontro do otimismo do Banco de Portugal que, no Boletim Económico de março do ano passado, projetava um crescimento de 4% do rendimento disponível real das famílias em 2024, depois de no ano anterior ter-se assistido a um aumento de 1,9%. “Estes ganhos estão associados à descida da inflação e à dinâmica dos salários e das prestações sociais”, referem os especialistas do Banco de Portugal, notando ainda que “a redução dos impostos diretos contribuirá também para o aumento do rendimento disponível em 2024–25.”

A redução da inflação desempenhou um papel crucial neste processo dado que, segundo dados do Instituo Nacional de Estatística, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma taxa de variação média anual de 2,4% face aos 4,3% registados em 2023. Esta desaceleração da inflação contribuiu significativamente para o aumento do poder de compra das famílias.

Porém, isto não significa que não continue a haver muitas famílias com dificuldades em responder ao custo de vida. No final do ano passado, o Gabinete de Proteção Financeira da Deco revelou à Lusa que notou um “aumento significativo” de pedidos de ajuda ao longo do ano, com a maioria a chegarem de pessoas que trabalham, mas cujo rendimento não chega para pagar a casa (prestação ou renda, a conta do supermercado e dos serviços essenciais).

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Contração do poder de compra no terceiro trimestre de 2024

Apesar do cenário globalmente positivo, os dados mais recentes da OCDE apontam para uma correção de 1% do rendimento disponível real das famílias portuguesas no terceiro trimestre de 2024, apenas superado pela correção de 1,8% das famílias dinamarquesas entre os países da OCDE.

Esta evolução contrasta com a tendência geral observada das famílias dos países OCDE, onde a maioria dos países registou aumentos no rendimento disponível real das famílias.

A correção registada em Portugal entre julho e setembro de 2024 foi também acompanhada por uma redução na taxa de poupança das famílias, que passou de 12,59% no segundo trimestre para 10,88% no terceiro trimestre de 2024. Esta queda na poupança pode indicar que as famílias estão a recorrer às suas reservas financeiras para manter os níveis de consumo face à redução do rendimento disponível.

Apesar desta correção recente, Portugal tem consistentemente superado a média da União Europeia em termos de crescimento do rendimento disponível real das famílias ao longo dos últimos três e cinco anos.

Entre os países que registaram aumentos no rendimento disponível real mais expressivos no terceiro trimestre do ano, a OCDE destaca “Espanha com o maior aumento no rendimento disponível real per capita no terceiro trimestre de 2024 (2,2%), impulsionado em parte por fortes aumentos na renda de propriedade, enquanto o PIB real per capita aumentou mais modestamente (0,6%)”, lê-se no documento.

É importante notar que, apesar desta correção recente, o desempenho global de Portugal nos últimos anos continua a ser significativo. O país tem consistentemente superado a média da União Europeia em termos de crescimento do rendimento disponível real das famílias, refletindo melhorias nas condições económicas e no nível de vida dos portugueses.

No entanto, a recente correção serve como um lembrete da volatilidade e incerteza que caracterizam o ambiente económico atual. As famílias portuguesas, apesar dos ganhos significativos nos últimos anos, podem enfrentar desafios à medida que a economia global continua a navegar por águas turbulentas.

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