Deputados chamam Miranda Sarmento para explicar compra de dívida pública no final de 2024
COFAP aprovou por unanimidade audição do ministro das Finanças para explicar compra de dívida de mais de 15 mil milhões de euros por entidades do setor público na reta final do ano passado.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, será convocado para ir ao Parlamento explicar a trajetória da dívida pública portuguesa e o aumento das aplicações em Certificados Especiais de Dívida de Curto Prazo (CEDIC).
Em causa está o facto de as entidades do setor público administrativo e as empresas públicas terem voltado a aplicar os seus excedentes de tesouraria na subscrição destes instrumentos, com maturidade máxima de um ano, no valor de 15.819 milhões de euros.
A audição do ministro das Finanças resulta da aprovação por unanimidade na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) de um requerimento do PS, com caráter de urgência. No pedido os socialistas adiantam que querem conhecer a avaliação feita pelo governante “sobre a evolução das aplicações em CEDIC no final de 2024 e sobre o papel que estas desempenharam do ponto de vista da medição da dívida pública na ótica de Maastricht“.
O tema voltou ao debate político após a notícia do Público (acesso pago), que deu conta que a prática que ocorre desde 2021 e foi criticada pelo atual ministro das Finanças no passado repetiu-se na reta final do ano passado.
Entre o final de setembro e o final de dezembro, verificou-se um aumento de 184% das aplicações em CEDIC – instrumentos de subscrição exclusiva por investidores do setor público. O aumento fez disparar o volume total de subscrições para 24.059 milhões de euros no final de 2024.
No ano passado, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) publicou um relatório em que classificava a redução da dívida ocorrida entre 2023 e 2024, durante o Governo de António Costa, de “artificial“, nomeadamente devido aos CEDIC, que reduzem o valor consolidado da dívida pública que é reportado pelo Instituto Nacional de Estatística”.
No requerimento, o grupo parlamentar socialista indica também que quer conhecer a identidade dos investidores públicos que fizeram aplicações em CEDIC, e se “existiu algum tipo de ingerência política na distribuição de dividendos e resultados transitados das entidades em questão“.
O rácio da dívida pública caiu para 95,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, abaixo dos 97,9% do ano anterior e o valor mais baixo desde junho de 2010, e ligeiramente menos do que os 95,9% previstos pelo Governo.
Venda do Novobanco também será tema de audição
Os deputados da COFAP aprovaram também por unanimidade a audição do ministro das Finanças sobre “as intenções do governo
relativamente à venda parcial do Novo Banco e a potencial envolvência da Caixa Geral de Depósitos“, proposta pelo Bloco de Esquerda.
O ministro das Finanças afirmou que o Governo não se envolve na gestão do banco público, mas salientou: “Se a Caixa entender fazer essa avaliação face a situações que possam vir a ocorrer no futuro, o Governo depois tomará decisões com base nessa avaliação”, disse no final de janeiro.
“Respeitamos a autonomia de gestão da Caixa. A Caixa fará a avaliação que entender das condições de mercado e daquilo que possam ser desenvolvimentos futuros de mercado”, acrescentou.
(Notícia atualizada às 14h24)
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