Desigualdade entre homens e mulheres é maior nas grandes empresas
Paridade de género nas empresas tem tido uma evolução "quase nula há vários anos". Desde 2017, a percentagem de mulheres em cargos de gestão e liderança aumentou apenas um ponto percentual.
Apenas 30% dos cargos de gestão nas empresas são desempenhados por mulheres, mas em cargos de liderança são apenas 27%, apesar de as mulheres corresponderem a 42% dos empregados nas empresas e a 59% da população ativa com ensino superior. É nas grandes empresas que disparidade de género é mais acentuada: embora representem cerca de metade da força de trabalho, apenas 20% ocupa cargos de gestão e 11% de liderança, aponta o estudo “Presença feminina nas empresas em Portugal”, da Informa D&B, divulgado esta quinta-feira.
A paridade de género a nível empresarial tem tido uma evolução “quase nula há vários anos”, aponta o estudo da Informa D&B. Desde 2017, a percentagem de mulheres em cargos de gestão e liderança aumentou apenas um ponto percentual, de 26% para 27%. Apesar de nas cotadas e empresas do setor público empresarial, a imposição de quotas na administração, ter gerado uma evolução positiva no combate à desigualdade.
Seguros e banca os setores mais desiguais
O setor de seguros e banca estão entre os setores com maior disparidade de género tanto na gestão como na liderança. As mulheres representam mais de metade dos trabalhadores, mas apenas 17% dos cargos de gestão no setor segurador e 1% na liderança. E na banca há 22% de mulheres na gestão e 13% na liderança.
Serviços gerais, Alojamento e restauração, Retalho, Serviços empresariais e Atividades imobiliárias são os setores que apresentam valores mais elevados na participação feminina em cargos de gestão e liderança, ainda assim sempre bastante abaixo da paridade, com percentagens a rondar um terço das posições de gestão e liderança.
É nas atividades relacionadas com a saúde, bem-estar, moda e educação que se encontram as empresas em que a presença de mulheres nos cargos de gestão e liderança rondam os 50%, atividades em que as mulheres representam bem mais de metade dos trabalhadores.
Grandes empresas mais desiguais
As grandes empresas registam um fraco desempenho no que toca à liderança feminina, aponta o estudo da Informa D&B. Embora as mulheres representem cerca de metade dos trabalhadores (47%), apenas 20% ocupam cargos de gestão e 11% cargos de liderança.
Entre as PME e as micro empresas há uma maior paridade de género. Com as mulheres a representarem 40% dos trabalhadores nas micro empresas, mas a ocupar mais de um terço dos cargos de gestão (33%) e 26% na liderança; enquanto nas PME, onde 39% dos trabalhadores são mulheres, 26% ocupam cargos de gestão e 20% lideram.
Nas cotadas e empresas do setor público empresarial, contudo, regista-se uma evolução positiva. Muito à conta da introdução de quotas de paridade. “Nas empresas cotadas, a percentagem de mulheres com assento nos conselhos de administração era no final de 2024 de 35%, o que representa uma evolução significativa face aos 10% que se registavam em 2014”, realça o estudo.
Nas empresas cotadas, 82% das equipas de gestão são mistas, percentagem que aumenta no caso da administração pública (83%) e no setor público empresarial (86%).
Maior exigência nos parâmetros ESG poderá ajudar a mitigar a disparidade de género. “É de esperar que a obrigação de reporte do desempenho não financeiro tenha consequências na presença feminina em cargos de maior responsabilidade nas grandes empresas; a paridade de género é um dos critérios de análise das práticas ESG das empresas, critérios que terão um peso crescente na sua avaliação, podendo, deste modo, constituir mais um estímulo para acelerar esta evolução no sentido da paridade”, argumenta Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B, citada em comunidade.
Liderança feminina mais inclusiva
Na generalidade das empresas onde existem equipas de gestão (empresas com pelo menos dois gestores), mais de um terço (39%) são exclusivamente masculinas, 6% exclusivamente femininas e 55% mistas.
O estudo da Informa D&B indica ainda que as empresas com liderança feminina (27%) são mais inclusivas do que as restantes, dando preferência a equipas mistas de gestão.
No caso das empresas lideradas por mulheres, 78% das equipas de gestão são mistas e apenas 22% são exclusivamente femininas. Enquanto nas lideradas por homens, mais de metade (52%) têm uma equipa de gestão exclusivamente composta por homens, com apenas 48% a apresentar uma equipa de gestão mista.
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