Crise política não pressiona rating para já, diz DBRS

Eleições antecipadas aumentam "a incerteza política em Portugal, numa altura em que os riscos externos aumentaram significativamente e as pressões para gastar mais em defesa estão a aumentar”.

A ausência de um Governo na plenitude de funções “pode levar a alguns atrasos na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e adiar os planos de privatização da TAP”, admite a agência de notação financeira DBRS. No entanto, a agência não espera que a crise política gere pressões negativas sobre o rating de Portugal.

A menos que o compromisso com a disciplina orçamental enfraqueça e leve a um aumento significativo do rácio da dívida pública de Portugal a médio prazo, o que não é a nossa expectativa atual, não esperamos que esta crise política gere pressões negativas sobre as notações de crédito soberano“, afirmou Javier Rouillet, vice-presidente sénior da Morningstar DBRS, Global Sovereign Ratings.

Atualmente a DBRS subiu o rating de Portugal para ‘A’ (elevado), do anterior ‘A’, com uma perspetiva (‘trend’) estável, a 17 de janeiro, uma decisão justificada pela “notável redução da dívida pública de Portugal, apoiada por um forte desempenho orçamental”, que “reforçou a sua qualidade de crédito”, destacou a agência em comunicado, na altura. A DBRS apontou ainda “a redução significativa das vulnerabilidades externas ao longo da última década e um sistema bancário mais resiliente”.

A crise política resultante do chumbo da moção de confiança do Executivo deverá resultar em eleições antecipadas, as terceiras no espaço de três anos. O Presidente da República inicia esta quarta-feira a audição dos partidos com assento parlamentar e, embora pudesse designar outro primeiro-ministro para substituir Luís Montenegro, tudo aponta para que convoque eleições, até porque até já avançou datas possíveis 11 e 18 de maio.

A DBRS sublinha que este cenário “aumenta a incerteza política em Portugal, numa altura em que os riscos externos aumentaram significativamente e as pressões para gastar mais em defesa estão a aumentar”. Mas a “aposta dos principais partidos políticos na redução da dívida pública e a forte posição orçamental e o desempenho superior do crescimento de Portugal atenuam os riscos”, sublinha a agência de notação financeira numa curta nota de comentário à queda do Governo.

Na sexta-feira será a vez da Fitch fazer a revisão do rating de Portugal. Esta agência optou por manter a nota inalterada em A-, na decisão de 20 de setembro do ano passado, mas reviu em alta a perspetiva para positiva, num reflexo do “progresso contínuo na redução da dívida pública, um histórico compromisso com uma política fiscal prudente e a contínua desalavancagem externa, que reduzem as vulnerabilidades de Portugal”, escreveu a agência norte-americana em comunicado.

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