CGD aumenta comissões de milhares de contas em setembro
A partir de setembro, só os clientes com mais de 65 anos e pensão ou reforma inferior a 835,50 euros continuarão isentos de custos de manutenção de conta no banco público.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai mudar as condições de milhares de contas até agora isentas de alguns custos. Segundo avança o Público (acesso condicionado) esta segunda-feira, vários clientes já receberam comunicações a informá-los de que as condições das suas contas vão mudar, não sendo ainda claro que todos deixem de estar isentos.
Em causa estão 700 mil contas, que, segundo disse Paulo Macedo num evento no mês passado, “pagam zero” pelos serviços bancários. Na altura, o presidente executivo do banco público fez saber que haveria alterações a este cenário. Na prática, vários clientes deixariam de ter uma conta base e seriam integrados nos serviços mínimos bancários, desde que cumprissem uma série de critérios preestabelecidos.
São essas alterações que entrarão em vigor a 1 de setembro, escreve agora o Público. As alterações abrangem clientes reformados e pensionistas, até agora isentos. A partir de agora, só os clientes com mais de 65 anos e pensão ou reforma inferior a 835,50 euros continuarão isentos de custos de manutenção de conta. Já os clientes que beneficiem, por exemplo, de pensões de invalidez, passam a pagar estes custos.
O jornal detalha ainda que os clientes com património financeiro acima de cinco mil euros também vão perder a isenção dessa comissão ou, em alternativa, serão obrigados a ter cartões de débito e de crédito, que terão de utilizar pelo menos uma vez por mês. Isso implica pagar os custos de anuidade do cartão, a que podem acrescer juros.
Feitas as contas, os clientes que perdem a isenção do pagamento de comissões passam a pagar 4,95 euros por mês (mais imposto de selo), o equivalente a 59,40 euros por ano, ou poderão optar por passar a pagar a recém-criada Conta Caixa, cujo custo poderá ser menor, dependendo do número de produtos de que o cliente precisa.
Em comunicado entretanto enviado às redações, fonte oficial da CGD sublinha que “depois deste movimento de ajustamento do preçário, que já aconteceu em toda a banca a operar em Portugal, a Caixa posiciona o seu nível de comissionamento num nível intermédio do mercado português“. Por outro lado, “quem não puder pagar a mensalidade mais barata, que é de 2,5 euros na Conta Caixa S, tem à disposição os Serviços Mínimos Bancários, que na Caixa Geral de Depósitos são gratuitos“.
Por seu lado, a Associação de Defesa de Clientes Bancários (ABESD) considera que a medida é injusta.
“Não são os clientes que têm de responder pelo problema de rentabilidade da banca e a única razão por que agora são taxados é porque a banca acha que não tem a rentabilidade que deveria ter. É altamente injusto que as pessoas metam dinheiro nos bancos e depois tenham de pagar a falta de rentabilização”, diz à Lusa Luís Janeiro, da direção da associação. “Ninguém ganha com esta situação. A sociedade precisa que os bancos ponham o dinheiro a circular. Agora querer que os clientes paguem para guardar o dinheiro, isso é serviço de um cofre, um banco é outra coisa”, sublinhou, acrescentou.
Paulo Macedo tem como objetivo aumentar as receitas provenientes das comissões em 100 milhões de euros até 2020, de forma a cumprir o plano acordado com a Comissão Europeia na recapitalização do banco. No ano passado, o banco faturou 349,5 milhões com comissões líquidas.
Notícia atualizada às 10h10 com esclarecimento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e às 11h56 com declarações da Associação de Defesa de Clientes Bancários (ABESD).
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