Bloomberg: Credores resistem à troca de obrigações no Novo Banco
Governo espera por respostas dos fundos internacionais para finalizar proposta de troca de obrigações até final do mês. Bloomberg adianta que muitos investidores estão a resistir à operação.
Alguns credores planeiam rejeitar a oferta de troca de obrigações no Novo Banco que envolva perdas, isto numa semana que será decisiva para o futuro do banco de transição. Se esta operação de troca de dívida por títulos com mais risco falhar, a instituição não será vendida ao fundo Lone Star, seguindo o caminho da liquidação. Para a agência Bloomberg, “Governo e credores estão a jogar o jogo da galinha no banco mais fraco do país”.
Em causa está uma oferta voluntária de troca de dívida que permita reforçar os capitais do Novo Banco em 500 milhões de euros. Esta é uma das condições vitais para fechar o acordo de venda do banco aos americanos seja concretizada. O ECO avançou que a proposta genérica de troca de obrigações já foi comunicada aos principais investidores depois de uma maratona de reuniões que decorreram em Lisboa na semana passada. Até quinta-feira o Banco de Portugal e a administração do Novo Banco vão aguardar respostas dos fundos internacionais antes de apresentar uma proposta final. Que, ao que tudo indica, deverá encontrar a resistência de alguns investidores.
De acordo com a Bloomberg, a Pimco, o maior fundo de obrigações do mundo e que moveu um processo contra Portugal por causa da transferência de cinco séries de obrigações para o “BES mau”, no valor de 2,2 mil milhões de euros, vai rejeitar qualquer acordo que inflija mais perdas, disse fonte próxima do assunto à agência.
Mas os encontros tidos na semana passada revelaram “discussões construtivas”, referiu um porta-voz do grupo de credores, incluindo a Pimco. As partes estão a “trabalhar no sentido de encontrar algo que proteja os nossos investidores e o banco”, revelou a mesma fonte.
Incluída no grupo de credores que colocou o país em tribunal, a gestora XAIA Investment está à espera para ver. “Vamos ver se a vende cai ou se é realmente um bluff“, disse Jochen Felsenheimer, diretor do fundo. “A questão decisiva é saber o que é que eles querem dizer por voluntária”, acrescentou.
A XAIA detém obrigações e credit default swaps (seguros da dívida) do Novo Banco. Felsenheimer não indicou se vai ou não participar nesta oferta. Mas este é um dos investidores que mantêm dívida do banco nas suas carteiras ao mesmo tempo que têm contratos de hedging que os proteja de perdas.
Para Tom Kinmonth, estratego do ABN Amro Group, trata-se de “uma questão de princípio”. “Estamos a falar de um montante relativamente pequeno, mas tornou-se numa coisa maior de quem cede primeiro“. Filippo Alloatti referiu que o “risco é de ver o Lone Star saltar fora do negócio e o acordo de resgate falhar”.
Jerome Legras, investidor da Axiom Alternative Investments, fala na probabilidade de o acordo ser dificultado pela avaliação que o Novo Banco faz das obrigações no seu próprio balanço, abaixo do valor facial, e que pressiona os obrigacionistas a aceitar preços ainda mais baixos na oferta de troca. “É muito mais difícil gerar capital quanto o valor que está no balanço já está com desconto”, frisou Legras.
No caso da Ever Capital Investments, a sociedade vai manter as obrigações de longo prazo no seu portefólio à espera que valorizem assim que a venda do Novo Banco esteja finalmente fechada.
(Notícia atualizada às 14h31 com declarações do porta-voz do grupo de obrigacionistas que inclui a Pimco)
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