Portugal captará mais de 12 mil milhões de euros de investimento em ‘data centers’ nos próximos cinco anos

Associação que representa 'data centers' em Portugal prevê mais de 12 mil milhões em investimento nesta indústria em Portugal nos próximos cinco anos. Mas crise política "pode ter efeito nefasto".

A inteligência artificial tem estado a impulsionar a procura por capacidade de computaçãoTaylor Vick via Unsplash

Portugal “tem previsto para os próximos cinco anos mais de 12 mil milhões de euros de investimento” em data centers, estima a associação que representa o setor no país, com 80% do valor a ser canalizado para centros adaptados às novas exigências da inteligência artificial (IA).

O número foi avançado ao ECO pelo presidente da PortugalDC, Luís Pedro Duarte, indicando que “são dados da própria associação”.

Mas o regresso da instabilidade política é um fator dissuasor para os investidores, reconhece o responsável, quando questionado pelo ECO sobre o chumbo da moção de confiança ao Governo esta semana, que deverá conduzir a eleições antecipadas em maio.

“Para os investidores estrangeiros, este tipo de situação é sempre desagradável, porque, no fundo, quem está a investir quer estar longe de tumultos e de insegurança”, aponta Luís Pedro Duarte.

A crise política em Portugal, após a queda do Governo de Luís Montenegro, pode assim “ter um efeito nefasto para o investimento estrangeiro” em data centers, diz o presidente da PortugalDC, exemplificando com o facto de o acordo assinado há apenas cinco meses entre o Governo e os parceiros sociais, para baixar o IRC e aumentar o salário mínimo até 1.020 euros em 2028, ter ficado agora em suspenso, como noticiou o ECO nesta quinta-feira.

Em junho do ano passado, o então presidente da AICEP, Filipe Santos Costa, disse ao Expresso que Portugal “pode somar, até 2030, mais de dez mil milhões de euros em atuais e novos projetos de investimento em data centers“.

Portugal tem previsto para os próximos cinco anos mais de 12 mil milhões de euros de investimento e 80% disso há de ser dos data centers de uso intensivo da inteligência artificial e desta capacidade computacional de alta densidade. São dados da própria associação.

Luís Pedro Duarte

Presidente da PortugalDC

Boom da IA aquece investimento

O treino e inferência dos grandes modelos de IA exige elevadas capacidades de computação, assim como a adoção de novas tecnologias de arrefecimento, como liquid cooling, em que “tubagens de líquido gelado entram dentro dos bastidores onde estão alojados os servidores”, refere o especialista.

Esta “diferença de paradigma” é “diretamente proporcional à dimensão do investimento que é necessário”, acrescenta Luís Pedro Duarte. Ademais, a IA faz aumentar as necessidades energéticas, pressionando outros mercados e permitindo a Portugal ganhar ainda mais distinção.

“Temos produção de energia verde. Já não é só aquela coisa bonita, é de facto um fator diferenciador. Temos custos competitivos no que diz respeito à energia elétrica. Portugal continua a ser dos países da Europa com o custo mais baixo” da eletricidade, aponta o líder da associação.

Mas a energia não é o único fator diferenciador: “Temos um posicionamento geográfico de excelência, que nos permite ter uma posição absolutamente diferenciadora na Europa no que diz respeito à conectividade com os cabos submarinos. Temos uma rede de telecomunicações terrestre com uma alta capilaridade. Temos uma qualidade de vida extraordinária. Não temos riscos geográficos — os sismos que nós temos são perfeitamente acomodáveis. E temos mão de obra super bem qualificada”, elenca Luís Pedro Duarte.

A PortugalDC foi fundada em 2023 e conta atualmente com mais de 80 associados, dos quais 13 são operadores de data centers. Entre os restantes encontram-se vendors de produtos e serviços, prestadores de contratos de manutenção e dois escritórios de advogados, segundo o presidente.

O país tem estado a atrair apostas de outras empresas, como o novo data center da Equinix em Lisboa, prestes a ser concluído, e um terceiro que a mesma empresa já anunciou que irá desenvolver, provavelmente em 2027. Outros investimentos em execução em Portugal são o data center da Atlas Edge em Carnaxide, o da Merlin Properties em Castanheira do Ribatejo e o da Voltekko em Alcochete.

Estes somam-se ao projeto da Start Campus para a construção de um grande campus de data centers em Sines, junto à antiga central da EDP. O empreendimento designa-se por Sines DC (anteriormente, Sines 4.0), num investimento que estava previsto ser de até 3.500 milhões de euros, e que no ano passado foi revisto em alta para 8.500 milhões.

(Notícia atualizada às 9h43 para referir que a Start Campus reviu em alta o investimento previsto para o Sines DC)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Portugal captará mais de 12 mil milhões de euros de investimento em ‘data centers’ nos próximos cinco anos

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião