Envelhecimento e queda da natalidade podem baixar em 0,6 pontos por ano crescimento do PIB até 2050
Se não forem tomadas medidas, número de pessoas em idade ativa passará de 2,6 para 1,6, e a população ativa encolherá para 53%. McKinsey prevê que alterações demográficas roubarão 0,6 pontos ao PIB.
A queda da natalidade e o envelhecimento da força de trabalho poderão “roubar” ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português 0,6 pontos percentuais por ano até 2050. A previsão é da consultora McKinsey, que sublinha que as alterações demográficas poderão, assim, eliminar o equivalente a “mais de metade” do crescimento económico anual dos últimos 25 anos.
“As alterações demográficas, por si só, poderão reduzir o crescimento de Portugal até 0,6 pontos percentuais ao ano, até 2050. Como referência, o crescimento anual nos últimos 25 anos foi de 1,1%, o que significa que o impacto demográfico poderá eliminar mais de metade desse crescimento“, lê-se no novo estudo intitulado “Dependency and depopulation? Confronting the consequences of a new demographic reality”.
Depois de ter atingido o seu ponto máximo em 1999, a população ativa portuguesa tem estado a encolher, situando-se atualmente em 63%. Até 2050, recuará para 53%, estima a McKinsey. “Prevê-se que o número de pessoas em idade ativa por cada pessoa com mais de 65 anos diminua dos atuais 2,6 para 1,6, dentro de apenas 25 anos“, acrescenta a consultora.
Para se adaptarem a esta realidade, as empresas terão de repensar as suas estratégias para “captar o mercado sénior, gerir equipas multigeracionais e investir em tecnologias que impulsionem a produtividade“, aponta o novo estudo.
Já os governos terão a responsabilidade de desenhar políticas públicas, que “incentivem este investimento, bem como o reforço da poupança para a reforma, a saúde pública e a promoção da longevidade saudável“.
Citado em comunicado, o investigador Marc Canal argumenta que “Portugal tem um enorme desafio demográfico, que só poderá ser superado com uma maior participação no mercado de trabalho e um aumento substancial da produtividade“. “Além disso, é fundamental repensar o contrato social entre gerações”, sugere.
Um desafio global
Os referidos desafios demográficos não afligem apenas Portugal. “A transformação demográfica global, caracterizada pela diminuição das taxas de natalidade e pelo envelhecimento da população, está a mudar radicalmente a estrutura económica mundial“, realça a McKinsey no seu novo estudo.
Em concreto, dois terços da população mundial vivem em países com taxas de natalidade inferiores ao nível de reposição de 2,1 filhos por mulher. “As pirâmides populacionais já não se assemelham a pirâmides e estão a assumir a forma de obeliscos, caracterizados por um aumento acelerado da população idosa e uma redução significativa do número de jovens”, avisa a consultora.
Nos próximos 25 anos, as economias avançadas e a China verão a população ativa cair para 59%, contra os atuais 67%, o que retirará 0,5 pontos percentuais ao crescimento do PIB em vários países, “a menos que a produtividade e a participação no mercado de trabalho aumentem”.
A pressão sobre os sistemas de pensões e as finanças públicas continuará a intensificar-se. Prevê-se que o número de pessoas em idade ativa por cada reformado diminua dos atuais 3,9 para dois em 2050.
“A pressão sobre os sistemas de pensões e as finanças públicas continuará a intensificar-se. Prevê-se que o número de pessoas em idade ativa por cada reformado diminua dos atuais 3,9 para dois em 2050″, salienta o estudo.
Esta transformação demográfica terá, de resto, um impacto direto no consumo. Se hoje as pessoas com mais de 65 anos são responsáveis por 2,1 euros em cada dez euros gastos, em 2050 prevê-se que este valor aumente para 3,1 euros, “o que trará implicações significativas para as estratégias empresariais“, alerta a McKinsey.
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