Banco de Portugal recuperou 587 mil notas estragadas e devolveu 12,4 milhões em 2024
Para que uma nota de euro possa ser valorizada, mais de 50% da superfície da nota tem de poder ser reconstituída, para ser possível garantir a sua autenticidade.
O Banco de Portugal (BdP) recuperou 587 mil notas degradadas em 2024 e restituiu 12,4 milhões de euros aos cidadãos proprietários dessas notas, segundo o Relatório de Emissão Monetária de 2024. O BdP tem um serviço responsável por valorizar notas e moedas degradadas (por exemplo, em fogos, inundações ou por terem estado enterradas). Após a valorização, é entregue aos detentores um valor.
Segundo o Banco de Portugal, em 2024, foram valorizadas manualmente 587.489 notas e devolvidos, a quem as apresentou, 12,4 milhões de euros. A maioria apresentava “dobras, rasgões ou defeitos resultantes da ação do fogo, humidade ou outros elementos”. O banco central valorizou ainda 277.592 moedas e o reembolso atingiu 60,6 mil euros.
Qualquer cidadão que tenha notas destruídas ou mutiladas (estragadas por humidade, queimadas, comidas por animais, entre outros motivos) pode enviá-las para o Banco de Portugal para que sejam valorizadas. Para que uma nota de euro possa ser valorizada, mais de 50% da superfície da nota tem de poder ser reconstituída, para ser possível garantir a sua autenticidade pelos elementos de segurança (no caso das notas de escudo eram 75%).
Se for possível valorizar a nota degradada, esta é destruída e é dado aos cidadãos o montante equivalente. Já se as notas forem irreconhecíveis, são dadas como perdidas, destruídas e o proprietário não recebe qualquer compensação. Todos os casos de notas destruídas que chegam ao Banco de Portugal são declarados à Justiça para prevenir eventuais crimes.
Quando foi a crise bancária de 2008 e houve receio do colapso dos bancos e de perda de poupanças, muitas pessoas levantaram dinheiro e guardaram em casa. Uns anos depois, foram buscar as notas guardadas e perceberam que estavam destruídas. Em 2022, na ilha de São Jorge (Açores), o receio de que a erupção vulcânica destruísse as habitações levou a que muitas pessoas fossem buscar dinheiro guardado em casa para depositarem no banco. Então, perceberam o estado das notas e muitas recorreram ao Banco de Portugal para as valorizar.
Também são valorizadas notas tintadas, por exemplo, por disparos acidentais nas caixas automáticas de distribuição de notas (vulgo multibanco) ou nas malas de transporte de dinheiro. As moedas, apesar de serem muito mais resistentes, também são valorizadas. Também é preciso atestar a sua genuinidade e se o dano não foi intencional.
Ainda segundo o Relatório de Emissão Monetária, em 2024, o Banco de Portugal controlou a genuinidade e a qualidade de 405 milhões de notas e de 90 milhões de moedas, identificando 104 milhões de notas e 485 mil moedas impróprias para circular. O Banco de Portugal produziu, em 2024, 165,5 milhões de notas de 20 euros através da sua empresa Valora.
Quanto à emissão líquida de notas em Portugal (a diferença entre todas as notas saídas e todas as notas entradas), no final de 2024, atingiu o valor negativo de 28,8 mil milhões de euros, acima do valor negativo de 2023. Em 2024, saíram do Banco de Portugal 5.649 milhões de euros em notas e entraram 9.740 milhões de euros.
O banco central justifica a emissão líquida negativa de notas com a alteração das regras das operações de tesouraria do Banco de Portugal, pois “favoreceu a troca de notas entre instituições de crédito e empresas de transportes de valores”. Ainda assim, acrescenta, o impacto desta medida no volume de notas entradas foi atenuado pelo crescimento do turismo, que leva à acumulação de notas no banco central.
Já a emissão líquida de moedas voltou a crescer em 2024. Saíram do banco central 66,5 milhões de euros em moedas e entraram 38,9 milhões.
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