Fórum para a Competitividade prevê abrandamento da economia já a partir do primeiro trimestre

Perda de dinamismo do consumo privado e impacto negativo do menor crescimento dos parceiros comerciais nas exportações deverão travar a economia portuguesa este ano e no próximo.

O Fórum para a Competitividade prevê um abrandamento da economia já a partir do primeiro trimestre devido à degradação profunda do cenário internacional. Depois de crescer 1,9% em 2024, a evolução do PIB deverá afrouxar para 1,5% a 2% este ano e 1,4% a 2% em 2026.

Se o quarto trimestre do ano passado foi “muito forte”, com um crescimento em cadeia de 1,5%, nos três primeiros meses “a economia terá desacelerado”, afirma a nota de conjuntura divulgada esta quinta-feira pelo Fórum para a Competitividade.

No primeiro trimestre, o consumo privado parece ter mantido um dinamismo significativo, mas não tão dinâmico como no final do ano, enquanto o setor da construção terá mantido um bom desempenho. Já as exportações começaram o ano de forma favorável, mas com uma volatilidade significativa”, refere o relatório de perspetivas empresariais referente ao primeiro trimestre.

O relatório assinala que “o cenário internacional degradou-se profundamente desde Janeiro, sobretudo devido às medidas do novo presidente dos EUA“, com os “avanços, recuos e suspensões” a lançarem uma “elevada incerteza”.

O consumo deverá abrandar com a economia, enquanto o investimento terá dificuldade em beneficiar da diminuição das taxas de juro, devido à elevada incerteza.

Fórum para a Competitividade

O gabinete de estudos, dirigido pelo economista Pedro Braz Teixeira, salienta que “a revisão em baixa das previsões de crescimento para os nossos parceiros comerciais deverá afetar as nossas exportações, para além dos desafios colocados pelas tarifas, que incluem a tentativa da China de substituir os EUA pelo mercado europeu”. “O consumo deverá abrandar com a economia, enquanto o investimento terá dificuldade em beneficiar da diminuição das taxas de juro, devido à elevada incerteza”, acrescenta.

No plano nacional, o relatório refere ainda a “incerteza política”, que poderá ser dissipada após as eleições legislativas de 18 de maio. No entanto, sublinha que face à provável inexistência de um governo com maioria parlamentar, a capacidade reformista estará limitada.

Considerando estes fatores, o Fórum para a Competitividade estima um abrandamento do crescimento, de 1,9% em 2024 para entre 1,5% e 2,0% em 2025, estabilizando entre 1,4% e 2,0% em 2026.

Uma previsão em linha com as que têm sido avançadas pelas entidades internacionais. O FMI reviu esta semana em baixa o crescimento do PIB português para 2% este ano e 1,7% no próximo, menos três décimas que em outubro.

Depois da forte queda da inflação homóloga no primeiro trimestre, de 3% em dezembro para 1,9% em março, o Fórum para a Competitividade estima um alívio da taxa média este ano e no próximo. De 2,4% em 2024, a inflação deverá abrandar para entre 2% e 2,3% em 2025 e entre 1,9% e 2,2% em 2026.

Precisaríamos das tão faladas reformas estruturais para fazer crescer o PIB potencial. A aparente boa ou razoável conjuntura económica tem mascarado na economia portuguesa os sérios problemas estruturais que persistem.

Numa perspetiva mais de médio e longo prazo, o relatório refere que “a economia portuguesa estacionou num crescimento à volta dos 2%”, condicionada pelo fraco crescimento do PIB potencial. “Precisaríamos das tão faladas reformas estruturais para fazer crescer o PIB potencial. A aparente boa ou razoável conjuntura económica tem mascarado na economia portuguesa os sérios problemas estruturais que persistem”, acrescenta.

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