Oposição da Venezuela fala de “fracasso” e Governo saúda adesão em massa à eleição para a Constituinte
A oposição venezuelana classificou de “fracasso” do Governo a participação nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, enquanto o executivo falou de uma adesão maciça dos venezuelanos.
O primeiro vice-presidente do parlamento, de larga maioria da oposição, Freddy Guevara, disse aos jornalistas que o processo fracassou e constitui “uma grande derrota” para o Governo de Nicolás Maduro.
O representante da oposição disse estar seguro que o regime “vai iniciar todo um processo para demonstrar com imagens dos centros eleitorais uma imagem de que em teoria tudo está em paz e está tudo feliz”, e que ao mesmo tempo apague “a repressão que exercem contra o povo”.
O deputado opositor José Guerra afirmou, na sua conta de Twitter, que a eleição da Constituinte foi “um fracasso monumental”, uma mensagem que acompanhou com duas fotografias da rua quase vazia em frente a um centro de votação no centro de Caracas.
Por outro lado, o vice-presidente do Governo venezuelano, Tareck el Aissami, saudou o decorrer da jornada, em que serão eleitos milhares de candidatos, e sem a participação da oposição, aos 545 membros da Assembleia Constituinte convocada por Maduro.
“Triunfou a paz, podemos dizer, triunfou a democracia. O povo saiu, de forma maciça, para exercer este direito humano, este direito fundamental”, disse El Aissami numa intervenção transmitida pela televisão, após votar no estado costeiro de Aragua.
O governante responsabilizou “as forças da intolerância” por um incidente ocorrido no estado de Táchira, afirmando que “a antidemocracia pretende impor a agenda da violência”.
Uma mensagem semelhante foi divulgada pelo chefe da campanha para a Constituinte, Héctor Rodríguez, que celebrou o “rio de gente” que, na sua opinião, foi hoje votar “contra a violência” que diz ser causada pela oposição durante os protestos contra o Governo.
Jornalistas da agência espanhola Efe observou dezenas de pessoas a fazer fila para votar em alguns colégios eleitorais no oeste de Caracas, onde os apoiantes do executivo apontavam, num registo próprio, quem tinha participado no ato eleitoral.
O dia da votação decorre entre encerramentos de ruas e outras formas de protesto convocadas pela oposição em todo o país, algumas marcadas por incidentes violentos.
A oposição, que apelou para que não houvesse protestos nos centros de votação para evitar confrontos entre venezuelanos, convocou uma grande concentração para a capital venezuelana, onde os militares já dispersaram algumas concentrações com bombas lacrimogéneas e tiros.
Três pessoas foram mortas em confrontos nas últimas horas no interior do país, segundo deputados da oposição.
Os críticos da Constituinte veem neste processo uma intenção do chavismo de consolidar uma ditadura na Venezuela.
Os opositores e os defensores do Governo têm disputado, na rede Twitter, uma guerra de fotografias, com os primeiros a mostrar imagens de centros de votação desertos e os segundos a publicar imagens de filas à porta dos locais de voto.
Mais de cem pessoas foram mortas nos protestos anti-governamentais que têm agitado a Venezuela desde o passado dia 01 de abril.
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