Exclusivo Microsoft Portugal perde poder de decisão e deixa de ser unidade autónoma

Em nome de uma maior eficiência, a Microsoft vai retirar autonomia e poder de decisão à operação em Portugal, que passará a integrar um cluster de operações que se estende aos Balcãs.

A Microsoft prepara-se para uma profunda reorganização da sua estrutura operacional na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) que terá impacto direto na subsidiária portuguesa.

Segundo um email interno a que o ECO teve acesso, a partir de 1 de julho, a Microsoft Portugal deixará de funcionar como entidade autónoma e passará a integrar um amplo cluster denominado “South MCC” na área da “Europa do Sul, que incluirá também países como Turquia, Grécia, Chipre, Malta, Albânia, Bósnia, Eslovénia, Sérvia, Macedónia do Norte, Montenegro, Kosovo, Croácia e Bulgária.

Segundo indicações da Microsoft, esta reorganização enquadra-se numa estratégia global da tecnológica para o ano fiscal de 2026. No documento interno, a empresa destaca que tem três grandes pilares organizacionais para apoiar a sua estratégia de crescimento: “Evolução das nossas Áreas de Solução, Aceleração da Competência Regional em Escala e Alinhamento das nossas equipas SME e de Canal”.

A nova estrutura da Microsoft na região EMEA passará assim a contemplar três modelos distintos:

  • Três subsidiárias autónomas: França, Países Baixos e Suíça
  • Duas áreas de subsidiárias duplas: Alemanha/Áustria e Reino Unido/Irlanda
  • Três áreas multi-subsidiárias: Europa Norte, Europa Sul (onde a operação nacional está incluída) e Médio Oriente & África

A Microsoft justifica estas alterações com o foco na aceleração do crescimento num momento de forte adoção da inteligência artificial. “Em tempos de incerteza e desafio que a nossa região enfrenta, clientes e parceiros procuram-nos para liderança – não apenas sobre como adotar IA, mas sobre como isso pode remodelar a forma como compram, constroem e crescem de maneira responsável”, refere Samer Abu-Ltaif, presidente da Microsoft para a Europa, Médio Oriente e África desde janeiro deste ano, na referida comunicação.

A empresa defende que, para responder às exigências atuais, precisa reduzir a complexidade do próprio negócio, “criando mais agilidade na forma como planeamos, colaboramos e executamos”.

A operação portuguesa, sob a liderança de Andres Ortolá desde janeiro de 2022, ficará sob a alçada de Charles Calestroupat, que liderará toda a área da Europa Sul.

O executivo francês tem um currículo de 25 anos de experiência na área tecnológica, “incluindo vários anos como empreendedor desenvolvendo empresas industriais na Europa e mercados emergentes”, refere a Microsoft no email. Calestroupat está na Microsoft há sete anos, tendo servido como responsável pelas operações para o setor público e como líder comercial no setor empresarial em França.

Para a operação portuguesa, esta reorganização representa uma significativa perda de autonomia. Se até agora a Microsoft Portugal tem funcionado como subsidiária independente com liderança local, passará a ser apenas uma parte de um cluster multinacional que engloba mercados bastante diversos, desde a Turquia até aos Balcãs.

Esta reestruturação enquadra-se no que a empresa descreve como uma otimização para “garantir um aumento dos recursos no terreno, ter a cobertura de contas adequada, criar responsabilização e gerar captura incremental de TAM [Mercado Total Endereçável]”, justifica Samer Abu-Ltaif no email.

Segundo o email interno, a nova estrutura também “garantirá uma tomada de decisão mais rápida com execução mais consistente em toda a região EMEA, alinhada às necessidades de cada mercado”.

A Microsoft sublinha que “esta mudança visa colocar o suporte adequado para capacitar os nossos vendedores e dar-lhes as ferramentas e recursos necessários para se concentrarem no envolvimento com os clientes e na procura de novas oportunidades”.

Embora a empresa apresente a reorganização como uma estratégia para promover crescimento e agilidade, fica por esclarecer se haverá implicações ao nível dos recursos humanos ou investimentos na operação portuguesa, bem como alterações na abordagem ao mercado nacional.

Contactada, fonte oficial da Microsoft Portugal confirmou esta informação ao ECO: “Recentemente, anunciámos uma mudança na estrutura da nossa área EMEA da Microsoft. A Microsoft Portugal, que atualmente reporta à nossa área da Europa Ocidental, passará – a partir de 1 de julho – a fazer parte de uma nova estrutura de área, denominada Europa do Sul, liderada por Charles Calestroupat. Portugal continua a ser liderado por Andrés Ortolá.”

(Notícia atualizada às 14h40 com declarações da Microsoft)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Microsoft Portugal perde poder de decisão e deixa de ser unidade autónoma

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião