Via verde da imigração “é bom começo”, mas Portugal precisa de se promover como “destino bom para trabalhar”
Conferência Anual do Trabalho juntou empresários e especialistas para discutir um dos temas mais polémicos do momento: a imigração. "Via verde" recebeu elogio, mas é só um começo.
- A Conferência Anual do Trabalho foi organizada pelo Trabalho by ECO e abordou os salários, a lei do trabalho, o futuro da Segurança Social, a formação e as migrações. Ao longo desta semana, serão publicadas peças relativas a cada um destes cinco painéis, sendo que pode rever já os principais destaques aqui.
A “via verde” para contratar imigrantes assinada no início de abril pelo Governo e pelas confederações empresariais é uma “boa solução” para atrair para o país as mãos de que tanto precisam os empregadores de vários setores, mas é apenas um começo. No painel “Talento que sai, talento que entra” da segunda edição da Conferência Anual do Trabalho, empresários e especialistas juntaram-se para debater a saída de jovens qualificados do país e a entrada de estrangeiros, com a mensagem de que Portugal precisa de se promover lá fora como “um destino para trabalhar”.

“A ‘via verde’ para a imigração é uma ótima solução. Um bom começo. É isso que nos permite fazer o encontro entre a oferta e a procura“, afirmou Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
O também ex-diretor do Observatório das Migrações sublinhou que, além disso, é essencial que Portugal tenha uma agência que promova o país no estrangeiro como um bom sítio para viver e trabalho, já que, neste momento, não se está a conseguir atrair trabalhadores para os setores que precisam de mãos.
Na visão deste responsável, uma vez que o tecido empresarial português é composto por pequenas e médias empresas, é necessário que esse trabalho seja feito por agências públicas, isto é, o Estado deve intervir e fazer a ponte, de modo a que as empresas consigam recrutar os estrangeiros de que precisam para as suas operações.
No mesmo painel, César Araújo, presidente da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e de Confeção (ANIVEC), apelou à regulação da imigração, deixando claro que o país precisa, sim, das mãos que vêm de fora, mas estas têm de ser qualificadas. “Não queremos imigrantes de baixas qualificações. Então, não pedíamos aos jovens para estudarem e ganhar qualificações”, atirou.
“Não queremos quadros de baixa qualificação. Queremos quadros de alta qualificação, que nos venham ajudar na transformação. Temos de regular a imigração e trazer quadros de valor acrescentado“, salientou César Araújo.
Formação é a chave para a integração de sucesso

Neste que foi o quarto painel da Conferência Anual do Trabalho, participou também a responsável de seleção, formação e desenvolvimento do El Corte Inglés, Rita Soares, que avançou que na empresa cerca de 10% dos colaboradores já são imigrantes, de cerca de 23 a 24 diferentes nacionalidades.
“Os nossos projetos e programas dirigidos à contratação de imigrantes inserem-se em políticas mais latas de inclusão. Olhamos para eles como força ativa interessante. Vêm cheios de disponibilidade e interesse em aprender uma profissão“, declarou a responsável, que identificou a formação como a chave para a integração de sucesso destas pessoas.
Segundo Rita Soares, no El Corte Inglés a formação dura cerca de um ano e conta com o apoio de todas as estruturas e áreas da retalhista espanhola.
“O recrutamento é um recrutamento ético. São sujeitas a um processo de seleção igual aos outros. Temos que olhar mais para o comportamento do que para o conhecimento que já está adquirido“, disse ainda a responsável.
Já da parte da EY Portugal, Patrícia Agostinho, chief happiness officer, explicou que a maior parte dos jovens perguntam, quando chegam a esta consultora, se há possibilidade de ir para fora. “E há”, asseverou a responsável. Mas há também “muita gente a querer vir para” Portugal, assinalou Patrícia Agostinho.
“Portugal, dentro do universo EY, está a ser muito atrativo”, sublinhou a responsável. O que os traz? O escritório “espetacular”, mas não só, apontou. “Vêm com os salários do seu país. Lisboa é uma cidade muito atrativa. Vêm jovens já com famílias. Vêm à procura de melhorar competências“, contou a chief happiness officer.
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