Sánchez diz que levará tempo analisar milhões de dados e perceber causas do apagão

  • Lusa
  • 7 Maio 2025

Governo garante que vai "chegar ao fundo" deste assunto para saber o que aconteceu, "assumir e pedir responsabilidades políticas" e adotar medidas para que não volte a acontecer um apagão.

O primeiro-ministro de Espanha disse esta quarta-feira que levará tempo até haver uma explicação para o apagão da semana passada na Península Ibérica, por ser necessário analisar 756 milhões de dados fornecidos pelos operadores do sistema elétrico.

É um “processo que vai levar tempo“, disse Pedro Sánchez, no parlamento espanhol, sem adiantar prazos.

O líder do Governo realçou que foram pedidos às empresas de geração e distribuição de eletricidade em Espanha todos os dados gerados e registados em 4.200 unidades do sistema entre as 12:15 e as 12:35 locais do dia 28 de abril.

O apagão, que deixou sem eletricidade todo o território de Portugal e Espanha continentais, ocorreu às 11:33 de Lisboa (12:33 em Madrid) e teve origem em território espanhol, segundo as autoridades dos dois países, sem que as causas sejam ainda conhecidas.

Sánchez reiterou que foram identificadas três falhas de geração de eletricidade segundos antes do apagão no sul de Espanha (a primeira) e depois mais duas no sudoeste do país, com a investigação a tentar apurar agora se estas perturbações estão relacionadas entre elas e por que motivo o sistema elétrico ibérico se desligou totalmente naquele momento.

Numa intervenção de mais de uma hora no plenário espanhol, Sánchez voltou a prometer, como já fez várias vezes na última semana, que o Governo vai “chegar ao fundo” deste assunto para saber o que aconteceu, “assumir e pedir responsabilidades políticas” e adotar medidas para que não volte a acontecer um apagão como o da semana passada.

Insistindo em que se trata de um assunto complexo, exigiu e prometeu “rigor, cautela, prudência e absoluta transparência”.

“Posso assegurar que tudo que for descoberto se tornará público”, afirmou, depois de dizer que o executivo espanhol “está plenamente consciente” de que os cidadãos querem saber o que aconteceu “e o governo também”.

“Não vamos fechar qualquer debate em falso, não vamos precipitar-nos nas conclusões”, acrescentou, antes de sublinhar que “para fazer bem o trabalho, os técnicos precisam de tempo” e que “a responsabilidade do governo é respeitar a complexidade do assunto” e “não gerar ruído e debates interessados, como já estão a fazer alguns”.

A este propósito, pediu aos espanhóis para desconfiarem dos discursos que tentam explicar o apagão com um debate entre energias renováveis e nuclear.

“Neste momento, não há nenhuma evidência empírica que diga que o incidente foi provocado por excesso de renováveis ou falta de centrais nucleares em Espanha”, afirmou, num discurso em que acusou partidos políticos de direita e extrema-direita de terem embarcado, sem dados ou provas, numa “agenda ideológica” e nos interesses de empresas que são proprietárias das centrais nucleares espanholas, que deverão encerrar todas entre 2027 e 2035.

Sánchez defendeu, durante boa parte do discurso desta quarta-feira no parlamento, a aposta nas energias renováveis, que disse não ser apenas do Governo de esquerda de Espanha, mas um vasto “consenso global” na Europa e no mundo.

O líder do governo espanhol sublinhou que estas energias aumentam a soberania nacional e europeia, são mais competitivas e permitiram baixar os preços da eletricidade na Península Ibérica nos últimos anos, além de responderem às alterações climáticas.

Espanha não vai mudar, por isso, nada na estratégia de aposta nas energias renováveis e continuará a investir e a promover o investimento em infraestruturas que permitam e melhorem a transição para a energia verde, garantiu.

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