“Vender o longo prazo não é difícil. Estar no longo prazo é que é mais difícil”

Luís Alvarenga, responsável da BPI Gestão de Ativos, considera que a volatilidade não é o maior obstáculo, mas sim a aversão ao risco que continua a travar o potencial dos investidores portugueses.

O mercado anda aos solavancos, os investidores portugueses continuam a olhar para o longo prazo como quem olha para um menu de restaurante caro — com desconfiança e pouca vontade de arriscar –, e a BPI Gestão de Ativos acaba de lançar três novos fundos de distribuição de rendimento. Luís Alvarenga, responsável pelo departamento da Investment Solutions e pela gestão de vários fundos de investimento, não foge ao diagnóstico: “Vender o longo prazo não é difícil. Estar no longo prazo é que é mais difícil.” Uma frase que, no fundo, resume o dilema nacional: todos querem estabilidade, poucos estão dispostos a passar pelo caminho das pedras.

Num momento em que a volatilidade dos mercados parece ter vindo para ficar, Luís Alvarenga garante que a prioridade tem sido “comunicar, comunicar, comunicar” e manter os clientes calmos. “A mensagem que temos estado preocupados em dar é uma mensagem de tranquilidade e de confiança”, sublinha, numa altura em que as notícias fazem mais pelo nervosismo do que pela racionalidade dos investidores.

Mas se os pequenos investidores continuam a preferir produtos conservadores, mesmo quando procuram soluções para o longo prazo, a BPI Gestão de Ativos responde com três fundos de distribuição de rendimento, pensados para aqueles que procuram um rendimento trimestral e, ainda assim, não abdicam de algum potencial de valorização. “É uma ambição já com alguns anos”, refere em entrevista ao ECO Luís Alvarenga, admitindo que estes produtos exigem “uma gestão diferente, uma comunicação diferente”. Mas também exigem, aos potenciais subscritores destes fundos, uma ausência de aversão à tributação de 28% sobre cada recebimento de dividendos ou juros que possam cair na conta.

No duelo entre gestão ativa e passiva, o responsável da BPI Getão de Ativos não hesita em puxar dos galões da proximidade e do serviço personalizado, mas não deixa de reconhecer que as estatísticas jogam contra a sua indústria e que a oferta para o longo prazo em Portugal continua a ser muito parca, com rendibilidades baixas e custos elevados.

As pessoas já perceberam que os mercados são feitos de altos e baixos, de muita de volatilidade, e reagir a quente, ir a correr vender, se calhar no dia seguinte até funcionou, mas a longo prazo é destruir valor.

Nas últimas semanas os mercados têm vivido períodos de elevada volatilidade. Qual é o sentimento geral dos vossos clientes e como é que vocês estão a lidar com este período dos mercados?

No último mês, uma das coisas que mais temos feito é estar ao telefone com os nossos clientes, com os nossos parceiros. Acho que essa é uma parte importante de ser um parceiro local. As pessoas que podem tomar as decisões, as pessoas que estão a gerir as carteiras, disponibilizarem-se para cá estarem, para serem transparentes, para ajudarem os outros a tomarem as melhores decisões.

O que têm feito em concreto nessa matéria?

Desde meados de fevereiro que temos dedicado uma maior parte do nosso tempo a comunicar e a comunicar aquilo que nós estamos a ver e aquilo que nós estamos a fazer.

Diria que a generalidade das pessoas deve entender que a volatilidade dos mercados está a ser causada pela política comercial de Trump. Basta ver as notícias.

Sim, por isso, aquilo que nós estamos a ver neste momento não tem um enorme valor acrescentado porque toda a gente sabe o que é que se está a passar, ao contrário do que sucedeu em 2008, em que havia uma recessão nos EUA causada por uns instrumentos financeiros que ninguém percebia muito bem e de facto ter um gestor, ter um analista a explicar era um valor acrescentado bastante grande. Por isso é que a mensagem que nós temos estado preocupados em dar é uma mensagem de tranquilidade e de confiança.

Em termos de gestão das carteiras dos vossos clientes e dos portefólios dos fundos de investimento, o que têm feito durante este período de volatilidade?

Temos atuado pouco nas carteiras. Temos aproveitado aqui uma ou outra oportunidade, mas não houve situações draconianas, alterações significativas dos portefólios. Temos andado a aproveitar esta volatilidade para uma ou outra oportunidade que nos foi surgindo, para fazer rebalanceamentos nas carteiras.

Em termos de fluxos de capital dos vossos fundos de investimento, têm sentido um movimento particular de entrada e saída de capital de uns ativos para outros?

Não. A única grande alteração que sentimos face ao que sucedia há 20 anos durante períodos de volatilidade nos mercados financeiros, em particular nas ações, é que não vemos os clientes a correr a sair do mercado, a colocar resgates, porque nos últimos 20 anos eles viram que sempre que foram a correr a reagir a notícias provavelmente essa decisão de venda foi uma má decisão. É uma lição que possivelmente está aprendida já por uma parte dos investidores portugueses. As pessoas já perceberam que os mercados são feitos de altos e baixos, de muita de volatilidade, e reagir a quente, ir a correr vender, se calhar no dia seguinte até funcionou, mas a longo prazo é destruir valor.

Luís Alvarenga, responsável da BPI Gestão de Ativos, revela que os novos três fundos de investimento de distribuição lançados há dias resultaram da integração de vários fundos do BPI que deixaram de ser comercializados. Foi o caso do BPI Obrigações Alto Rendimento Alto Risco, que foi fundido no BPI Renda Trimestral Obrigações.

Acabaram de lançar três fundos de investimento que têm em comum o facto de serem fundos de distribuição de rendimentos. Por que decidiram lançar este tipo de produtos neste momento? Qual é o objetivo?

É uma ambição, eu diria que já com alguns anos da BPI Gestão de Ativos. É um tipo de produto diferente, exige uma gestão diferente, uma comunicação diferente. São também produtos centrados na poupança para a reforma, para o longo prazo que vai permitir às pessoas terem um rendimento disponível no presente, neste caso, trimestralmente, e vai permitir às pessoas também aproveitar a capitalização dos ativos no longo prazo.

Qual é a taxa média esperada de distribuição de rendimentos para cada um dos três fundos?

Nós só vamos divulgar e publicar as taxas de distribuição mais em cima do momento do pagamento da renda e, portanto, não temos nenhum valor que possamos avançar, nem podemos divulgar esses valores neste momento. Mas estas carteiras vão ter exposição aos mercados financeiros, vão investir em ações, vão investir em obrigações e, de acordo com o que está disponível no mercado, conseguimos nas ações construir carteiras com uma renda trimestral anualizada que esteja qualquer coisa entre os 3% e os 4%, e nas obrigações, qualquer coisa entre os 2,5% e 3,5%. Essa é a matéria-prima que nós temos neste momento.

A forma como construímos a carteira segue uma abordagem de pesos iguais, portanto, “equal weight” com todas as 70 empresas a terem um peso idêntico na carteira.

Qual é a estratégia de investimento destes fundos, particularmente do BPI Renda Trimestral Ações?

Não vamos só andar atrás daquelas empresas que têm taxas de dividendo de 7%, 8%, 9%, 10%. Vamos tentar investir numa carteira diversificada de empresas que têm perspetivas de crescimento razoáveis, animadoras, não só do negócio, mas também do próprio dividendo.

Quais são os critérios que procuram nas empresas em que pretendem investir?

Queremos construir uma carteira diversificada em termos setoriais e geográficos. Queremos empresas que sejam muito rentáveis, ou seja, queremos empresas que remunerem de forma muito atrativa os seus acionistas que se traduzem em return on equities altos. Queremos empresas que tenham margens operacionais elevadas, empresas de excelência operacional, ou seja, o que elas fazem elas conseguem transformar em rentabilidade; e gostamos também de empresas que, tendencialmente, tenham pouca dívida.

Depois vamos à procura de uma dimensão de dividendos. E aí está muito claro que nós não vamos atrás das empresas que têm os dividend yields mais altos, nem de perto nem de longe. Queremos dividend yields atrativos, competitivos, mas ser o mais alto não é um critério. Queremos empresas com uma cultura de remuneração acionista, que têm a tradição de pagar dividendos há já largos anos. Temos empresas que já pagam há mais de 100 anos dividendos. Para nós é importante. Queremos também empresas com payouts a rondar os 50%, que é onde está “sweet spot” da distribuição de rendimentos.

E no caso de uma empresa que corta o dividendo, ou que anula completamente o dividendo, sai automaticamente da carteira?

Não fazemos nada automaticamente, mas tendencialmente será uma empresa que não fará sentido estar neste portefólio. Cada caso é um caso, mas, em média, este não é o tipo de empresas que procuramos. Procuramos empresas que pagam dividendos.

No caso do BPI Renda Trimestral Ações, quais são atualmente a principais posições do fundo?

Isso foge um pouco à nossa forma de construir carteiras. A carteira desse fundo vai ser composta por 70 títulos. E vão ser títulos dos EUA, da Europa e também temos uma outra empresa no Japão. Mas o que vai encontrar são as típicas empresas que têm uma cultura, uma tradição, uma história de pagamento de dividendos. A forma como construímos a carteira segue uma abordagem de pesos iguais, portanto, “equal weight” com todas as 70 empresas a terem um peso idêntico na carteira.

Qual a razão que vos levou a construir as carteiras destes fundos desta forma, sem darem destaque maior a uns títulos face a outros?

Porque queremos minimizar o risco de concentração. Queremos que os nossos clientes durmam descansados. E isso será conseguido por a performance da carteira não estar refém da evolução de um ou outro título. Todos os anos vamos ter um ou dois títulos que vão subir 20% ou 30%, e todos os anos vamos ter um ou dois títulos que vão cair. Faz parte. Construir carteiras diversificadas significa isto mesmo, que este tipo de volatilidade vai ocorrer. Mas quando esses momentos acontecerem, a carteira, se calhar, não vai fazer tão bem quanto eles desejariam, mas vai ser um dia tranquilo para o portefólio.

Será expectável encontrar ações portuguesas no BPI Renda Trimestral Ações e obrigações de empresas portuguesas e obrigações do Tesouro no BPI Renda Trimestral Dinâmico ou no BPI Renda Trimestral Obrigações?

Na carteira de ações não estamos a arrancar com nenhuma empresa portuguesa, mas diria que há algumas empresas que poderiam enquadrar-se neste portefólio. Não estamos investidos, mas era algo que poderá fazer sentido em determinados momentos. Nas obrigações é provavelmente mais fácil. Nas obrigações vamos estar à procura de juros mais altos, obviamente ajustados pelo risco de cada emissão, e aqui é mais fácil encontrar emitentes portugueses que se enquadram naquilo que é o perfil de rentabilidade de risco que estamos à procura. Atualmente temos em carteira qualquer coisa de Portugal, mas o mundo é muito grande. Portugal é um mercado relativamente pequeno, portanto, o que lá houver, e há, eu diria que nunca será demasiado expressivo.

As pessoas investirem em produtos que têm pouco risco e esperarem rentabilidades mais altas, principalmente quando investem para o longo prazo. Para melhores resultados no longo prazo, é necessário assumir mais risco e diversificar mais a carteira.

Como é que convencem um cliente a subscrever um produto destes, de distribuição recorrente de rendimentos, quando fiscalmente é amplamente penalizador em função de uma taxa liberatória de 28% sempre que recebe rendimentos do fundo?

Essa é uma discussão que tivemos muitas vezes ao longo do tempo. Não há aqui uma verdade certa, ou seja, as pessoas têm preferências, nós já aprendemos isso na faculdade, as curvas de utilidade, e é legítimo que uma pessoa, dadas as circunstâncias das suas finanças pessoais, queira investir num produto que, a longo prazo, lhe dê alguma expectativa de que vai conseguir proteger as suas poupanças e o poder de compra das suas poupanças, mas precisa complementar o seu rendimento no presente. Para isso terá de pagar 28% cada vez que recebe uma distribuição. É verdade. Mas essa é uma opção legítima

Em função das taxas expectáveis de distribuição de rendimentos que falou, tanto para o fundo de ações como para os fundos de obrigações, que além de serem baixas são limitadas pela taxa de impostos de 28%, estes produtos tornam-se interessantes apenas para poupanças elevadas. Qual é a vossa expectativa?

Sim, mas acho que vamos ter um pouco de tudo. As taxas de dividendos e as taxas de juros que estão atualmente disponíveis fazem com que montantes das rendas as serem distribuídas tornem-se mais atrativas quanto maior for o volume. Acho que é um raciocínio legítimo. Mas vemos bastante apetite, vemos bastante entusiasmo. Porém, estamos à espera de investimentos um pouco maiores.

Face aos movimentos recentes do mercado de elevada volatilidade, face também a uma cultura portuguesa pouco focada no longo prazo, é difícil vender produtos como estes que, na vossa ótica, são produtos para o longo prazo?

Vender o longo prazo não é difícil. Estar lá no longo prazo é que é mais difícil. Estes fundos vão ajudar a ter essa perspetiva porque vai ajudar a aguentar melhor a volatilidade. Enquanto o mercado for oscilando para cima ou para baixo, a renda trimestral continuará a ser paga e é previsível que vá tendencialmente crescendo ao longo dos anos. Isso será um fator de estabilidade emocional.

Luís Alvarenga considera que o caminho que está a ser percorrido pela indústria financeira no lançamento de novos produtos focados para a reforma“é interessante”, com o responsável da BPI Gestão de Ativos a sublinhar que o caminho trilhado ser o “caminho correto”.

A gestão ativa proporcionada pelos fundos de investimento tem perdido quota de mercado para a gestão passiva dos fundos cotados (ETF) ao longo dos anos, justamente por as estatísticas não favorecerem de todo os gestores de fundos de investimento. Como convenceria um investidor a optar por um fundo vosso face a um ETF?

Apesar da crescente popularidade dos ETF, acreditamos que a nossa gestão ativa continua a ter valor, sobretudo pelo serviço personalizado que oferecemos. Nos nossos fundos, investimos diretamente em ações e obrigações, recorrendo a ETF apenas para gestão eficiente da liquidez. Não somos contra os ETF – são uma ferramenta útil – mas o nosso foco está na proximidade com o cliente, especialmente em momentos de volatilidade, quando é importante ter alguém disponível para esclarecer dúvidas e apoiar decisões.

Em relação aos dividendos, muitos ETF seguem regras automáticas e investem apenas nas empresas com maiores dividend yields, o que nem sempre resulta nas melhores soluções a longo prazo. O nosso objetivo é construir carteiras que, mesmo com um rendimento trimestral ligeiramente inferior, possam gerar uma valorização do capital mais consistente ao longo dos anos. Queremos que os nossos clientes, ao investirem hoje, vejam o seu capital crescer de forma sustentável no futuro. Ainda não temos um track record para mostrar em relação a estes três fundos, mas gostava de acreditar que vamos conseguir ser competitivos versus algumas dessas soluções.

É certo que não têm track record para apresentar nestes fundos que estão a lançar, mas têm muitos fundos com vários anos com bom desempenho. Recordo-me, por exemplo, do fundo de ações mundiais BPI Restruturações durante muitos anos e do BPI Obrigações Alto Rendimento Ato Risco (ORAR) que, no ano passado voltou a ser o melhor fundo nacional de obrigações. Se o primeiro destes dois fundos mudou de nome e de estratégia, o segundo deixou de estar disponível para subscrição. Porquê?

Passámos por um plano de reestruturação da oferta de fundos de investimento. Chega uma altura que é preciso reestruturar a oferta para também sermos eficientes. Isto é um negócio e nós temos de ser eficientes a gerir todos estes fundos. Houve fundos que tínhamos e que já não há procura para eles.

Foi isso que aconteceu com o BPI Obrigações Alto Rendimento Alto Risco?

Sim. Neste processo de reestruturação fundimos algumas estratégias antigas que tínhamos e que já não havia encaixe na oferta, que já não havia procura por elas e, em nalguns casos, aproveitar para lançar gamas novas que aqui sim identificávamos apetite e potencial de crescimento, como é este caso. Esta nova gama de fundos de distribuição que lançamos vai utilizar alguns desses fundos. Um desses fundos, na componente de obrigações, foi BPI ORAR.

Foi integrado num dos três fundos distribuição que estão a lançar?

Sim, foi fundido BPI Renda Trimestral Obrigações.

Mas os investidores não gostavam do BPI Obrigações Alto Rendimento Ato Risco?

Toda a gente gostava do fundo. O fundo teve anos com quedas de 10%, 15%, e nunca tivemos uma queixa sobre este fundo. O BPI ORAR tinha 25 anos de histórico porque fazia justamente aquilo que estava escrito no nome. Mas a verdade é que a maior parte das pessoas não concordou. O fundo tinha ativos relativamente pequenos, cerca de 10 milhões de euros e, portanto, achámos que esta era a melhor forma de terminar o fundo.

Estamos todos muito mais atentos ao tema da literacia financeira e estamos também num período de mudança, provavelmente de mudança acelerada.

Tomando em conta o desempenho do BPI Reforma Investimento PPR/OICVM, que segundo a Morningstar é ainda gerido por si, apresenta uma rendibilidade anualizada de 0,97% nos últimos cinco anos (1,22 pontos percentuais abaixo dos seus pares e menos 0,25 pontos percentuais do índice). A 10 anos, o fundo também não consegue bater o índice nem os seus pares, registando inclusive uma rendibilidade anualizada de -0,38%. Considerando estes números, e considerando também que o Luís foi autor de um livro para a reforma, este fundo é um bom produto para os portugueses construírem um complemento de reforma?

Fui gestor desse fundo, mas não sou mais. Mas independentemente disso, é importante perceber que este tipo de produto é conservador, com baixa exposição a ações (até 25%), e por isso as rentabilidades tendem a ser mais baixas, sobretudo num contexto de taxas de juro historicamente baixas e, mais recentemente, de subidas abruptas das taxas em 2022, que penalizaram especialmente os preços das obrigações. Mas há aqui um problema mais largo do que esse, que é as pessoas investirem em produtos que têm pouco risco e esperarem rentabilidades mais altas, principalmente quando investem para o longo prazo. Para melhores resultados no longo prazo, é necessário assumir mais risco e diversificar mais a carteira.

Então por que razão as carteiras de mais de 90% dos Planos Poupança-Reforma (PPR), produtos desenhados para o longo prazo, são tão “conservadoras” com grande parte a ser constituída por obrigações?

Isso é a procura dos clientes que determina. Há uma procura do cliente final por fundos com características mais específicas, mais conservadoras, que em Portugal significa investir em obrigações, mas também é importante lembrar que só em 2018 é que a legislação foi alterada para permitir PPR com mais de 55% em ações. E eu aí até acho que a indústria foi relativamente célere em lançar produtos, que agora estão a fazer cinco anos.

Mas a oferta devidamente orientada para a reforma, para o longo prazo, continua a ser muito parca, com a grande maioria destes produtos a apresentar rendibilidades bastante baixas e custos bastante elevados. E isso também é visível na na vossa oferta de PPR.

Nós temos um PPR 100% investido em ações, o BPI Reforma Global Equities PPR/OICVM. Acho que temos percorrido um caminho interessante nos últimos 10 anos, se quiser. Sem dúvida que o trigger foi a alteração da legislação sobre os PPR, que permitiu que passassem a haver PPR a investir até 100% do seu capital em ações. E desde então, eu não sei precisar o número, mas houve vários PPR 100% investidos em ações.

São muito poucos.

Mas eu acho que o caminho que está a ser percorrido pela indústria é interessante. Lançaram-se produtos, podem ser lançados mais. É também importante que o mercado ajude. Estes fundos são feitos de performance, portanto se os mercados financeiros continuarem a subir pode ser um driver interessante. Tem sido feito um grande esforço a nível dos media, dos bancos, das seguradoras. Estamos todos muito mais atentos ao tema da literacia financeira e estamos também num período de mudança, provavelmente de mudança acelerada. Será que essa mudança vai demorar mais dez anos? Se calhar vai. Mas eu vejo aqui um caminho que me parece que seja o caminho correto.

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