Apostadores nos Jogos Santa Casa deixaram 9 milhões em prémios por reclamar

Em 2024, o valor de rendimentos da instituição com os prémios caducados dos jogos sociais aumentou 42%. Inclui lotaria nacional, euromilhões, apostas desportivas à cota e totosorteio.

O valor dos prémios que os apostadores nos jogos sociais deixaram por reclamar à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) aumentou 42% num ano. Em 2024, os rendimentos com prémios caducados encaixados por esta instituição sem fins lucrativos subiram para 9,2 milhões de euros.

Em causa estão rendimentos derivados da caducidade dos prémios dos jogos sociais de lotaria nacional, euromilhões, apostas desportivas à cota e totosorteio explorados pelo departamento de jogos da Santa Casa. No total, registaram-se 9.278.143 euros em prémios caducados, que significam os prémios dos jogos de fortuna ou azar que não foram reclamados pelos vencedores.

O montante insere-se nos resultados dos jogos sociais (198,6 milhões de euros), que representam a maioria (67,6%) da receita total da SCML, após um acréscimo de 4% em comparação com 2023 à boleia da subida nas vendas. Já a receita corrente da SCML manteve-se em 2024 em linha com o ano anterior: 293,8 milhões de euros.

A Santa Casa reconhece os rendimentos associados à caducidade dos prémios de jogos sociais explorados pelo departamento de jogos, à data em que se vence o direito à reclamação dos prémios, ou seja, três meses após a data do sorteio/extração.

Os Jogos Santa Casa alcançaram o segundo melhor valor da sua história em 2024, após o recorde antes da pandemia, em termos de vendas brutas, com um volume de 3.142,9 milhões de euros, sendo que 96,5% das receitas dos jogos foram distribuídas pelos diversos beneficiários.

O administrador da SCML com o pelouro do departamento de Jogos disse que “tudo o que foi feito, e está a ser feito, tem um denominador comum que é o jogo responsável”. “Se olharmos para a lotaria, continua a ser a matriz dos jogos sociais onde nos revemos”, disse David Lopes, destacando também o facto de as clássicas máquinas pretas de jogo terem sido substituídas por outras mais modernas em seis meses, o que tornará a SCML mais capaz “de fazer um acompanhamento mais próximo da mediação”.

Por outro lado, o online também cresceu. As receitas de jogo através dos canais digitais aumentaram 5,2% para 132 milhões de euros em 2024. “É uma mudança de paradigma nesta atividade”, referiu o provedor da SCML, Paulo de Sousa, em conferência de imprensa a partir da Sala de Extrações da Lotaria Nacional, em Lisboa.

Questionado sobre se a organização vai rever o portefólio de jogos este ano, o administrador David Lopes e o provedor, Paulo de Sousa, adiantaram que sim, embora as novidades sejam apresentadas só no futuro devido à elevada concorrência da indústria.

Dos quase 900 milhões de euros entregues ao Estado através dos jogos sociais, o Imposto do Selo representou 211,6 milhões de euros, o maior valor de sempre gerado pela venda dos jogos. O Imposto do Selo, que é aplicado a partir dos cinco mil euros de prémios, representa atualmente 10,3% do total da receita fiscal do Estado.

Lotaria clássica sem ‘apagão’

A 17ª extração dos números da sorte da Lotaria Clássica em 2025 aconteceu no dia do apagão energético, no passado dia 28 de abril, sem impactos no procedimento. O administrador David Lopes referiu que a organização está preparada para esses incidentes e lembrou que até a 25 de abril de 1974 ocorreu, naquela sala da antiga Casa Professa de São Roque, uma extração da lotaria, que completa 242 anos.

Contudo, a falha de eletricidade levou a Santa Casa a iniciar uma reforma dos planos de contingência e emergência das suas entidades. “Precisam de ser melhorados. Tivemos uma dificuldade enorme de contacto com as várias unidades. A sorte foi a grande parte localizar-se em Lisboa e termos conseguido resolver com equipas móveis, porque algumas tinham reservas de combustível para sete horas”, afirmou o provedor.

Paulo de Sousa revelou que a SCML está “a adaptar” as suas políticas para dar resposta a ocorrências deste género. “Há espaço de melhoria. Foi um exercício que testou cenários extremos e levou a adaptações, que estão em curso”, afirmou aos jornalistas.

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