Draghi critica regulamentação na UE que “impede inovação radical”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13:20

Regulamentação de Bruxelas "não considerou efeito nas pequenas empresas tecnológicas europeias, que, ao contrário das concorrentes dos EUA, não têm capacidade para cumprimento de todas as regras".

O antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, considera que a União Europeia (UE) “continua com um ambiente que impede a inovação radical”. “As nossas políticas de concorrência não se conseguiram adaptar à natureza da transição tecnológica”, afirmou o também ex-primeiro-ministro italiano, intervindo na XVIII Cimeira da COTEC Europa.

Segundo Draghi, que traçou o diagnóstico de como aumentar a competitividade do bloco comunitário face aos EUA e à China num relatório entregue à Comissão Europeia há cerca de oito meses, a regulamentação aprovada por Bruxelas nos últimos anos “não considerou o efeito nas pequenas empresas tecnológicas europeias, que, ao contrário das concorrentes norte-americanas, não têm capacidade para cumprir todas as regras”.

No evento, realizado no Convento São Francisco, em Coimbra, o ex-líder do BCE defendeu a criação de uma “nuvem estratégica europeia” que garanta “soberania de dados em áreas como Defesa, Segurança e Saúde”, bem como um maior investimento na construção de infraestruturas de supercomputação e o desenvolvimento das capacidades na área da cibersegurança face à perda de competitividade no 5G. Nesse sentido, Mario Draghi reforçou o apelo por “uma grande estratégia industrial na Europa”.

Quanto ao setor espacial em particular, por um lado, o antigo chefe do Governo italiano sublinhou a necessidade de “reformar drasticamente a relação entre agências nacionais e europeias” e de “maior investimento privado”.

Draghi assinalou, por outro lado, que “não será possível” a União Europeia manter a mesma relação com os Estados Unidos, numa crítica à “atitude unilateral” da Administração Trump de aplicar tarifas aos produtos de vários países. Reconhecendo que a guerra comercial vai, “sem dúvida”, afetar a economia comunitária e que será um “obstáculo para o investimento na Europa”, destacou a necessidade de “pensar como criar crescimento sozinha” face à dependência dos consumidores norte-americanos para o crescimento económico europeu.

Por isso, em primeiro lugar, é necessário “mudar o contexto e as políticas macroeconómicas” do pós-crise das dívidas soberanas, realçou. Ao mesmo tempo, são precisas “barreiras internas mais baixas para ajudar a indústria europeia a lidar com a concorrência da China e que, por sua vez, também vão ajudar a compensar a pressão da inflação”.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h33)

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