Unicorn Factory defende ‘corredor rápido’ para vistos tech
"Felizmente, são bem mais as vozes que elogiam Portugal como destino para expansão de operações", diz Gil Azevedo, da Unicorn Factory Lisboa, reagindo às acusações do CEO da Cloudflare.
A criação de “canais prioritários para vistos de elevada importância”, como já fazem países como os EUA ou Alemanha, para o setor tecnológico poderá acelerar a atribuição de vistos para os trabalhadores da indústria cujos atrasos em Portugal tanto ‘irritaram’ o CEO da Cloudflare, Matthew Prince, que acusou Portugal de ser um “país pouco sério” e ameaçou com o corte de investimento no país.
“Podem existir constrangimentos e atrasos, em temas relacionados com a imigração, que têm de ser resolvidos rapidamente pelo Governo, criando por exemplo canais prioritários para vistos de elevada importância, como já fazem vários países”, reage Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, quando instado pelo ECO sobre se recebiam esse tipo de reclamações de outros hubs tecnológicos ou de outras empresas que estejam a recrutar talento internacional.
Podem existir constrangimentos e atrasos com temas relacionados com a imigração que têm de ser resolvidos rapidamente pelo Governo, criando por exemplo canais prioritários para vistos de elevada importância, como já fazem vários países.
Países como os Estados Unidos, Canadá (que oferece um processamento em duas semanas para certas profissões do setor tecnológico), Reino Unido, Alemanha, Austrália ou Nova Zelândia têm esse tipo de programas em marcha, elenca o responsável.
“Os constrangimentos relacionados com os tempos de espera de vistos e no aeroporto já existem há vários anos, mas acreditamos que estão a ser resolvidos pelo Governo, dado que não dependem das autarquias”, diz ainda, destacando, no entanto, que o país tem conseguido atrair projetos internacionais.
“Portugal continua a ser um destino atrativo para startups e talento. Entraram mais de 500 startups na Unicorn Factory Lisboa, das quais cerca de 55% são projetos internacionais, de países como Brasil, Espanha, Reino Unido, EUA, entre outros”, elenca o responsável.
“A cidade de Lisboa tem também vindo a receber um número recorde de empresas tecnológicas internacionais, incluindo 14 unicórnios desde 2022”, refere ainda. “Só nos últimos dois anos, Lisboa atraiu 70 empresas tecnológicas, o que possibilitou a criação de mais de 15.000 postos de empregos”, diz ainda.
É fundamental que se resolva os constrangimentos, para que o sentimento dominante continue a ser acima de tudo a atratividade do país.
Crescimento que “depende também da capacidade do país de continuar a adaptar o seu enquadramento legal e fiscal às necessidades do setor“, alerta.
“É muito importante que o Governo estabeleça como prioridade a resolução destes constrangimentos e a burocracia em geral. O futuro dos países depende cada vez mais da capacidade de atrair e gerar inovação, como forma de receber investimento estrangeiro e criar mais e melhores postos de trabalho”, reforça.
No último ranking do StartupBlink, Portugal manteve a 29.ª posição, de um total de mais de 60 países analisados, mas Lisboa e Porto, os dois principais ecossistemas de empreendedorismo nacionais, sofreram recuos face a outras cidades de acolhimento de hubs de empreendedores.
Já no ranking das “Rising Stars” na Europa, do “Global Tech Ecosystem Index 2025”, da Dealroom, Lisboa ocupa a 10.ª posição, sendo a única cidade portuguesa a marcar presença.
Um esforço de adaptação que não pode ser só nacional. “É essencial que a União Europeia crie condições para a inovação e que seja capaz de facilitar a inovação e não se limite apenas na regulação. Só assim conseguimos tornar-nos mais atrativos para o talento estrangeiro e competir com as outras grandes potências mundiais”, diz.
Apesar das duras críticas do CEO da Cloudflare — que diz que as condições para investir têm vindo a deteriorar-se desde a abertura do escritório da tecnológica em Lisboa/Portugal —, Gil Azevedo destaca que, “felizmente, são bem mais as vozes que elogiam Portugal como destino para expansão de operações”, sentimento que, diz, têm “observado de forma consistente nos últimos dois anos”, refere.
“É por isso fundamental que se resolva os constrangimentos, para que o sentimento dominante continue a ser acima de tudo a atratividade do país, que resulta da nossa centralidade geográfica, da qualidade das nossas universidades, e da forma aberta como os portugueses recebem novas pessoas, aliada à aposta institucional na inovação, são fatores muito relevantes no momento da escolha de expansão ou abertura de uma nova localização”, aponta.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Unicorn Factory defende ‘corredor rápido’ para vistos tech
{{ noCommentsLabel }}