Caixa subiu muito as comissões? Sim, mas tem o pacote mais barato

Os bancos estão a empurrar cada vez mais os clientes para as contas bancárias "tudo incluído" num contexto de subida generalizada das comissões bancárias. Para os clientes, isto é bom?

O aumento das comissões bancárias é um tema na ordem do dia. Desde o início do ano, alguns dos maiores bancos começaram a carregar a fundo neste tipo de encargos. Mas foi sobretudo desde que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou que iria acabar com a isenção de custos em centenas de milhares de contas bancárias a partir de setembro, que o assunto ganhou maior dimensão.

Quem a partir do próximo mês quiser tornar-se cliente do maior banco português já também não poderá escolher uma conta à la carte. Terá de optar entre três buffets disponíveis a preços distintos. Ou seja, terá de escolher uma “conta pacote”, que inclui um conjunto de serviços a um preço único, à semelhança dos pacotes que as operadoras de telecomunicações comercializam.

A CGD está assim a encaminhar os seus clientes para um modelo de contas que começou a surgir já há alguns anos, e que são uma aposta também cada vez mais forte dos restantes bancos. Mas para o cliente será que optar pelo buffet é mais vantajoso? Se o objetivo passar por não mudar de banco, o mais provável é que compense. Mas se for possível mudar trocar de instituição financeira, é possível encontrar contas com custos associados mais baixos ou mesmo nulos.

As “contas pacote” começaram a surgir sobretudo depois de o Banco de Portugal ter recomendado à banca a oferta das designadas “contas base”. As “contas base” disponibilizam, mediante o pagamento de uma comissão única mas de valor livre para cada banco, serviços como a manutenção de conta, cartão de débito, acesso ao homebanking, transferências interbancárias e a possibilidade de até três levantamentos ao balcão.

Ao recomendar aos bancos a criação desta solução, a entidade liderada por Carlos Costa pretendia proteger os clientes bancários da escalada das comissões bancárias que se intensificou após o desencadear da crise financeira, em 2008. As primeiras contas com essas características começaram a surgir no início de 2015, e já há 12 bancos a disponibilizá-las em Portugal.

Já as “contas pacote” estão disponíveis em nove bancos. Em algumas das instituições financeiras que as oferecem, existem pacotes mais ou menos abrangentes em termos de serviços e que divergem também em termos de preços. Quanto mais serviços tiverem associados, necessariamente mais elevado será o custo associado.

A partir de quanto posso ter uma “conta pacote”?

Fonte: Sites e preçários dos bancos | Custos anuais da “conta pacote” mais barata em cada instituição financeira.11 agosto, 2017

Olhando para a oferta disponível constata-se que a maioria dos bancos tendem a cobrar custos mais baixos pelas “contas pacote” do que nas “contas base”, que parecem assim condenadas ao esquecimento. É o que acontece com a CGD, o Santander Totta, o Novo banco, o Montepio Geral e o Deutsche Bank, onde a subscrição da “conta pacote” mais barata de cada instituição tem um custo mais baixo do que o da “conta pacote”, apesar de não abrangerem exatamente os mesmo serviços/produtos.

O caso mais extremo acontece com o Deutsche Bank, instituição onde a “conta base” tem um custo anual de 125,27 euros, cerca de 60 euros acima dos 64,53 euros que custa a sua “conta pacote” mais barata: a “Conta DB Smart”. No caso do Novo Banco o diferencial é de 12 euros, enquanto na CGD, a diferença ronda os 13 euros. A “conta S” da CGD tem um custo anual de 49,92 euros. Esta “conta pacote” é a mais simples da CGD, incluindo um cartão de débito e até duas transferências online por mês, mas é também a mais “económica” entre a oferta disponível deste tipo de contas.

Já o BCP distingue-se pelo facto de a sua “conta base” apresentar um custo um pouco mais baixo do que a “Cliente Frequente Light”, a “conta pacote” mais simples que é oferecida pelo banco. A primeira tem um custo anual de 74,88 euros, enquanto na segunda o encargo associado é de 81,12 euros.

Quando o buffet não serve melhor

Certo é que se o cliente optasse por escolher os produtos ou serviços a associar à sua conta à la carte — ou seja, individualmente — o custo total seria mais elevado do que se optasse por uma “conta base” ou “conta pacote”. No caso do BCP, por exemplo, os encargos da manutenção de conta, de um cartão de débito e da realização de três transferências online por mês ascenderiam a 121,06 euros por ano. A sua conta “Cliente Frequente Light”, que abrange os mesmos produtos num pacote tem um custo anual de 81,12 euros.

Mas nem sempre ao optar pelo buffet em vez dos produtos a la carte, o cliente fica melhor servido. Por vezes a melhor solução é mesmo mudar de banco. Há alguns bancos, como os online, os de menor dimensão ou recentes no mercado, que chegam a não cobrar nada pelos serviços/produtos mais básicos associados às contas bancárias. No primeiro caso, porque a respetiva estrutura de custos é muito baixa, permitindo a isenção desse tipo de custos.

O ActivoBank é um desses casos: isenta a manutenção de conta, o cartão de débito e o de crédito, bem como as transferências online. O mesmo acontece com o Banco CTT e com o BNI Europa, ambos bancos recentes e que querem crescer em Portugal. Outros isentam apenas a manutenção de conta: é o caso do BiG, do Banco Best e do Atlântico Europa.

No entanto, a opção de mudar de banco para ir em busca de poupanças nem sempre é um exercício fácil. Os portugueses têm habitualmente uma forte ligação ao seu banco de sempre ou então ao gestor da sua conta, o que acaba por restringir a “vontade” de mudar de banco. Noutros casos, os clientes estão presos à instituição financeira porque, por exemplo, é lá que têm o crédito à habitação e têm de manter conta aberta.

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