“Realismo de princípios” leva Trump a manter tropas no Afeganistão
Era um acérrimo crítico da presença militar no Afeganistão mas a presidência trouxe-lhe "realismo de princípios". Os Estados Unidos vão manter e, provavelmente reforçar, o corpo militar no país.
Enquanto empresário, Donald Trump sempre advogou que a presença das tropas norte-americanas no Afeganistão era um desperdício de recursos que deveriam estar a ser canalizados para as infraestruturas nacionais e para a melhoria das condições de vida dos norte-americanos. Uma espécie de “Make America Great Again”, mas ainda antes de se antever uma carreira política. No entanto, a mudança da Trump Tower para a Casa Branca trouxe — mais — uma mudança nos paradigmas defendidos pelo republicano.
Neste tweet de 2013, Trump garantia concordar com o presidente Obama na questão da presença no Afeganistão, afirmando que as tropas deviam executar “uma retirada apressada”. “Porque é que continuamos a desperdiçar o nosso dinheiro”, perguntava. Nesta segunda-feira, o próprio respondeu a esta pergunta: por causa dos terroristas.
Tweet from @realDonaldTrump
Num aguardado discurso sobre o futuro das operações militares na região, o presidente dos Estados Unidos afirmou que as consequências de uma retirada apressada, como aquela que defendia em 2013, seriam “previsíveis e inaceitáveis”, na medida em que “iria criar um vácuo que os terroristas, incluindo o Daesh e a al Qaeda, iriam preencher instantaneamente”. Manter-se no território será “lutar para ganhar”.
“O meu instinto original era retirar e, historicamente, gosto de seguir os meus instintos, mas as decisões são muito diferentes quando se está atrás da secretária da Sala Oval”, justificou Trump, a partir de uma base militar na Virgínia. Aclamando que a realidade de ser presidente é diferente do que pensava, deixou um recado aos seus antecessores, afirmando que “não podemos repetir no Afeganistão os erros que os nosso líderes fizeram no Iraque”.
"O meu instinto original era retirar e, historicamente, gosto de seguir os meus instintos, mas as decisões são muito diferentes quando se está atrás da secretária da Sala Oval.”
Assim, e para além de manter os mais de 8.000 militares destacados para o terreno, poderá estar à vista um reforço do corpo militar. Estes planos não foram confirmados pelo presidente, contudo, antes de Trump se dirigir ao país, James Mattis, secretário da Defesa dos EUA, apontou que “vários” aliados se tinham comprometido “em aumentar o número de tropas no Afeganistão”.
Nova estratégia estende-se aos parceiros
Estabelecida ficou a mudança de abordagem para com o Paquistão que, segundo o presidente, é “um posto seguro para as organizações terroristas”. Os Estados Unidos passarão então a canalizar as ajudas monetárias para a Índia, num esforço de reconstruir o Afeganistão.
“Em último caso, compete ao povo do Afeganistão assegurar o seu futuro, governar a sua sociedade e atingir uma paz permanente”, conclui o presidente, afirmando-se disponível para ser parceiro do país no alcance destas metas. Para trás ficam as ideias protecionistas reiteradas durante a campanha eleitoral, com o próprio afirmar que esta decisão foi influenciada por “um realismo de princípios”.
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