Euro acelera apesar dos travões de Mario Draghi
O presidente do BCE mostrou-se preocupado com a valorização do euro. Mario Draghi afirma que cria "incerteza" e que o banco central irá estar atento às oscilações da moeda única.
Tal como esperado, a crescente subida do euro foi um dos temas abordados por Mario Draghi no arranque da conferência de imprensa que seguiu a reunião desta quinta-feira. O presidente do BCE diz que a crescente valorização do euro representa um fator de preocupação.
“A recente volatilidade no mercado cambial acrescenta incerteza”, afirmou o presidente do BCE, acrescentando por isso que esta situação “requer monitorização”. Apesar de Draghi se ter mostrado preocupado com a forte valorização do euro, a moeda única continua a acelerar contra o dólar. O euro ganha 1,16%, para os 1,2055 dólares.
Mas ao mesmo tempo que alertou para a incerteza associada à valorização do euro, o BCE mantém o outlook de médio prazo. Mario Draghi promete voltar ao tema do euro na próxima reunião de política monetária de outubro, ocasião em que também vai reavaliar o programa de estímulos. Draghi referiu que a taxa cambial “é um fator que terá de ser tido em conta para eventuais decisões futuras de política monetária”.
Um dos fatores cruciais para eventuais alterações da política de estímulos relaciona-se com as perspetivas para a inflação. Neste âmbito, o presidente do BCE mostra-se otimista. “A inflação vai acelerar gradualmente no médio prazo”, salientou na conferência que se seguiu à reunião de governadores desta quinta-feira. Apesar disso, a instituição reviu em baixa as suas estimativas para a inflação: de 1,2%, em 2018 e 1,5% em 2019. A inflação na Zona Euro manteve-se nos 1,3%, em julho. O BCE afirma que “o alívio quantitativo vai continuar enquanto a inflação não for sustentada”.
Relativamente ao crescimento da Zona Euro, o BCE subiu a previsão deste ano para os 2,2% para este ano, o ritmo mais célere desde 2007.
BCE mantém juros. Draghi preparado para prolongar estímulos
As declarações de Mario Draghi são feitas depois de o BCE ter decidio manter a taxa de juro de referência em 0%, como já era amplamente antecipado pelos economistas. Sobre o programa de compra de dívida de 60 mil milhões de euros mensais, Mario Draghi aponta que este deverá manter-se até ao final do próximo ano, mas não descarta a possibilidade de vir a prolongar o programa de estímulos no tempo e em dimensão.
“Se as perspetivas passarem a ser menos favoráveis ou se as condições financeiras deixarem de ser consistentes com uma evolução no sentido de um ajustamento sustentado da trajetória de inflação, o Conselho do BCE está preparado para aumentar o volume e/ou a duração do programa“, de acordo com o BCE.
Em Sintra, o presidente do BCE já tinha sinalizado que poderia estar perto o início da retirada gradual dos estímulos, ainda que a taxa de inflação continue aquém da meta. “A ameaça de deflação já não existe e as forças reflacionárias [impulso dos preços por via de políticas orçamentais] estão em jogo”, disse. Foi esta a parte do discurso do italiano que levou os investidores a acreditarem que o BCE pode começar a retirar os estímulos mais cedo que o previsto.
(Notícia atualizada às 14h34 com mais informação)
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