Fundos dizem adeus à dívida portuguesa e olá à grega
Com os juros da dívida portuguesa a descer e as obrigações a subir, os fundos de investimento começam a escolher dívidas de maior retorno como a grega ou a cipriota.
A Standard & Poor’s retirou a dívida portuguesa do “lixo”, considerando-a agora uma dívida de qualidade. Os juros da dívida atingiram mínimos de dois anos e as obrigações subiram. E embora estas pareçam boas notícias para os portugueses, para alguns fundos de investimento não são. É o caso do Blue Bay Asset Mangement e da Old Mutual Global Investors, que veem agora retornos mais altos em dívidas de mais risco, como a grega ou a cipriota.
A taxa a dez anos está a subir, mas continuam abaixo dos 2,50%, tendo já atingido os 2,387%, o valor mais baixo desde o final de setembro de 2015. E esta tendência de queda é transversal à maioria das maturidades, com a taxa do prazo a dois anos abaixo de zero. Mark Downing, investidor do Blue Bay, afirma à Bloomberg que “o dinheiro fácil” poderá já ter acabado. “Muitos dos retornos que tivemos vieram de Portugal e há mais a retirar de outras dívidas”, considera Dowding. “Temos fundos nos quais podemos investir, mas temos preferido o Chipre ou a Grécia a Portugal.”
"Muitos dos retornos que tivemos vieram de Portugal e há mais a retirar de outras dívidas. Temos fundos nos quais podemos investir, mas temos preferido o Chipre ou a Grécia a Portugal.”
A dívida portuguesa continua a ser considerada “lixo” por duas das três principais agências de rating, mas também estas mantêm uma perspetiva positiva, com muitos a preverem uma subida de rating nos próximos 12 meses. Para Nicholas Wall, gestor de portefólio do Old Mutual, o fundo não está preparado para voltar a apostar nas obrigações nacionais, visto que “já aproveitámos a melhor parte do rally”. “Com estes spreads e tendo outras dívidas como da Grécia e do Chipre, não vamos atrás [da dívida portuguesa] por agora”, considera.
Ainda que existam dúvidas acerca da sustentabilidade da dívida grega quando o país terminar o programa de resgate, no próximo ano, os investidores têm contado com um retorno de 17% durante este ano, o valor mais alto da Europa, enquanto a dívida portuguesa tem gerado 11% de retorno.
Com o custos de financiamento a descer, os mercados estarão atentos à próxima emissão de dívida. A última vez que Portugal foi a mercado para se financiar em 1.750 milhões de euros obteve taxas negativas recorde. No prazo a 12 meses, a taxa ficou nos -0,345%. “Algumas pessoas que acompanham a história portuguesa poderão deixar de ser credores a longo prazo”, conclui Nicholas Wall, acrescentando que estes “se voltarão a envolver” se a pressão vendedora aumentar.
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