Quatro pistas sobre o futuro da gestão de riscos do BCE
Yves Mersch, membro da comissão executiva do Banco Central Europeu, deixou quatro pistas sobre o futuro da gestão de riscos Uma delas passa por apertar o escrutínio ao trabalho das agências de rating.
Yves Mersch, membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE), deixou esta segunda-feira quatro pistas sobre o modo como o BCE vai gerir os seus riscos de atuação num futuro próximo. Por exemplo, avisou que pode ser importante reforçar recursos para permitir que a avaliação da qualidade dos ativos, das contrapartes e do risco de crédito passe a depender mais do seu próprio julgamento, do que do de terceiros. O responsável falava em Lisboa, na conferência sobre gestão de risco dos bancos centrais, organizada pelo Banco de Portugal.
Antes de começar a desvendar o futuro, Yves Mersch reforçou a mensagem que tem sido veiculada pelo presidente do BCE, Mario Draghi, para o presente: “É claro que uma vez que tenhamos visto um ajustamento sustentado no caminho da inflação, vamos continuar a ajustar de forma prudente as nossas ferramentas para a política monetária, tal como temos feito desde dezembro do ano passado,” disse, referindo-se à progressiva retirada do programa de compras de dívida por parte do BCE.
“Quando necessário, algumas medidas temporárias serão retiradas. Mas também vamos considerar se há áreas em que assumimos novos riscos para os nossos balanços — e consequentemente alguns elementos [dessa política não convencional] devem ser mantidos”, explicou.
O Conselho de Governadores tem de decidir se temos de nos basear mais no nosso próprio julgamento sobre a qualidade dos ativos e contrapartes, e expandir mais a avaliação de risco interna do Eurosistema.
De seguida, enumerou quatro traços fundamentais do modelo de gestão de riscos que o Banco Central deverá adotar no futuro.
1 – Enquadramento atual dos colaterais pode não ser para manter
O responsável explicou que “à medida que a procura de liquidez diminui, haverá menos necessidade de um extenso menu de colaterais elegíveis” para o BCE. E frisou que saber se algumas medidas temporárias devem ser transformadas num mecanismo de reação contingente, “pronto a ser ativado em caso de necessidade futura, é uma questão em aberto.” E reforçou: “Cada crise precisa de uma resposta à medida.”
2 – Enquadramento de colaterais tem de reagir à inovação
Yves Mersch frisou que este enquadramento de colaterais tem de ser capaz de se adaptar à inovação própria dos produtos financeiros. “A nova regulação da securitização ‘simples, transparente e estandardizada’ é um ponto fundamental”, defendeu, porque “permitirá avaliar melhor os colaterais que aceitamos.”
3 – Enquadramento de controlo de risco é para manter
O enquadramento do controlo de risco para os programas de compra de ativos deve ser mantido para lá do horizonte das compras líquidas. Isto porque mesmo uma vez terminado o período de compras líquidas os ativos mantêm-se no balanço e por isso os riscos de que deles emanam mantêm-se.
4 – Avaliação interna dos ativos
“O Conselho de Governadores tem de decidir se temos de nos basear mais no nosso próprio julgamento sobre a qualidade dos ativos e contrapartes, e expandir mais a avaliação de risco interna do Eurosistema,” avisou Yves Mersch. Caso seja essa a opção, “serão necessários recursos adicionais”. Isso tornará necessário reforçar a due diligence na notação de crédito externa, notou, frisando que “transparência suficiente no julgamento subjacente a estes ratings é essencial”.
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