Portugal ganha competitividade. Opinião das empresas piora
A competitividade da economia portuguesa melhorou face aos restantes países, ultrapassando até Itália. No entanto, a opinião dos empresários portugueses inquiridos piorou significativamente.
Os principais fatores problemáticos apontados pelos empresários portugueses no Ranking de Competitividade 2017 do Fórum Económico Mundial pioraram ainda mais em 2017. Porém, no panorama geral, Portugal conseguiu melhorar a sua posição relativa: a economia portuguesa avançou quatro posições, ultrapassando inclusive Itália e alargando a vantagem perante a Grécia. Ainda assim, fica mal na fotografia face à maior parte das economias europeias.
A falta de eficiência da burocracia do Estado, os impostos — apesar de a carga fiscal ter diminuído –, a “restritiva” legislação laboral e o acesso ao financiamento foram os quatro problemas que pioraram, face ao ano passado, na análise dos 140 empresários portugueses inquiridos. A opinião interna, no global, piorou face ao ano passado mas há duas áreas onde os executivos notam progresso: a legislação fiscal e a instabilidade de políticas públicas.
O resultado dos inquéritos aos empresários pesam 75% da ponderação para o índice de competitividade global cujo relatório do Fórum Económico Mundial foi apresentado esta quarta-feira. Ainda assim, Portugal conseguiu a proeza de não ser ultrapassado por nenhum país, tendo inclusive superado a Itália neste ranking de 137 países. Entre as principais melhorias face a 2016 registaram-se na estabilidade macroeconómica (inclui PIB, défice, dívida, poupança — subiu 15 lugares), na eficiência do mercado de trabalho, a saúde, a educação e as infraestruturas. Estes são os indicadores estatísticos que pesam os restantes 25% na ponderação.
Contudo, a comparação europeia continuar a deixar Portugal com má imagem. Ainda que tenha ultrapassado a economia italiana, a economia portuguesa continua a ser menos competitiva do que a espanhola, irlandesa, francesa e a alemã. Apesar de comparar ombro a ombro em áreas como as infraestruturas, saúde, educação, eficiência do mercado de bens, inovação e maturidade tecnológica, ainda há fatores a penalizar significativamente a competitividade do pais: o elevado rácio de dívida pública, a fraca solidez da banca nacional e a falta de flexibilidade do mercado de trabalho.
Além disso, a dimensão do mercado português piorou a sua posição face aos restantes países. O mesmo aconteceu com o crédito bancário, a inovação, a entrada na educação primária e a eficiência nas disputas legais. Por outro lado, Portugal conseguiu melhorar significativamente, em comparação como os outros países, na regulação dos mercados, na qualidade das escolas de gestão, no Orçamento do Estado (subiu 41 lugares), na despesa do Estado, na formação especializada e na remuneração e produtividade.
Caldeira Cabral compreende preocupações dos empresários
Questionado pelo ECO sobre o resultado do inquérito aos empresários, o ministro da Economia admitiu que ainda existem problemas por resolver, nomeadamente a burocracia. “O que esperamos é que os empresários também contribuam com sugestões porque o programa Simplex do ano passado e deste ano beneficiaram muitíssimo dos contribuintes e das sugestões dos empresários“, apontou Caldeira Cabral, assinalando que, na sua opinião, a avaliação da competitividade pelos empresários portugueses “melhorou muito”.
“Portugal atinge um melhor score, o melhor resultado desde 2007, depois de em muitos anos ter piorado, melhora quatro posições no ranking”, argumentou o ministro da Economia. Ainda assim, há trabalho a fazer, nomeadamente ao nível do financiamento das empresas: “o financiamento, onde de facto as empresas portuguesas ainda reconhecem ter problemas, é uma área em que há uma enorme melhoria este ano”. Além disso, a aposta do Governo passa pela internacionalização, a inovação e a economia digital.
Quem é o mais competitivo?
Os países que dominam continuaram praticamente inalterados durante os últimos anos. A Suíça, por exemplo, tem vindo a dominar o pódio dos países mais competitivos do mundo. Habitualmente, o segundo lugar tinha sido ocupado por Singapura, mas os Estados Unidos ultrapassaram este ano. Na Europa, a Holanda foi progressivamente melhorando a sua posição, tendo chegado ao quarto lugar em 2016, mantendo-o em 2017. A Alemanha completa o top cinco.
Hong Kong saltou da nona posição para a sexta posição de 2016 para 2017. Seguem-se a Suécia, o Reino Unido, o Japão e a Finlândia. Espanha, com quem Portugal é comparado frequentemente, ficou em 34º lugar, tendo descido duas posições. À frente de Portugal estão países como Israel, os Árabes Unidos, a Áustria, a Malásia, o Qatar, a Estónia, a Arábia Saudita, a República Checa, a Tailândia, o Chile, o Azerbaijão, a Indonésia, Malta, Rússia e a Lituânia.
Este estudo é elaborado, a nível nacional, em parceria entre o Fórum de Administradores e Gestores de Empresas e pela Associação para o Desenvolvimento da Engenharia e a AESE Business School. A metodologia do Fórum obriga que a amostra seja diversificada, seja ao nível da dimensão das empresas, dos setores e da dispersão geográfica. Ao todo são ponderados 118 critérios. O inquérito português reuniu 140 participações, menos do que as 220 de 2016, mas o rácio entre a população e os inquiridos continua a ser superior à maior parte dos países. A ponderação final é uma média móvel de dois anos.
(Atualizado às 14h40 com declarações do ministro da Economia)
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