As três mensagens de Marcelo no 5 de Outubro

  • ECO
  • 5 Outubro 2017

O Presidente da República alertou para a euforia com momentos que são efémeros e apelou às várias cores partidárias para que tenham "grandeza de alma" e cheguem a consensos políticos.

Marcelo Rebelo de Sousa falou, esta quinta-feira, no habitual discurso de comemoração do 5 de Outubro, Dia da Implantação da República Portuguesa, e deixou vários recados a todos os partidos. O Presidente da República alertou para a euforia com momentos que são efémeros e apelou às várias cores partidárias para que tenham “grandeza de alma” e cheguem a consensos políticos. E deixou recados à oposição e ao Governo: não fica bem não reconhecer sucessos do Governo, mas é igualmente mau não reconhecer fracassos.

Nem sucessos eternos, nem reveses definitivos

A primeira mensagem foi para os “protagonistas” da democracia, a quem deixou elogios, ao mesmo tempo que lembrou a efemeridade dos bons momentos, mas também dos maus.

"[A República Portuguesa é uma] democracia política com protagonistas capazes de apontar a médio e longo prazo, ultrapassando o mero apelo dos sucessivos atos eleitorais, sendo certo que não há sucessos eternos nem reveses definitivos. Uma democracia, sobretudo, com a garantia dos direitos de todos, sem discriminações de qualquer espécie.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Aqui, o Presidente apelou ainda a um “compromisso com o futuro”, para que “não esmoreçamos no percurso já feito e pugnemos por maior independência financeira, por maior criação de riqueza e de emprego, por mais justa distribuição do rendimento, por mais eficaz e por isso determinado mas realista combate à pobreza, às discriminações e intolerâncias”.

O apelo a convergências políticas

Segurança, celeridade da justiça, estabilidade financeira e económica e equilíbrio orçamental dos serviços públicos. Estas são as prioridades de Marcelo e, para que sejam conseguidas, o Presidente pede “convergências no verdadeiramente essencial”, mas também “salutares divergências” no que não é essencial.

"Que tudo façamos para que os portugueses e as portuguesas saibam que as suas vidas e bens estarão mais seguros, que a sua inocência ou culpabilidade não serão um novelo interminável, que a crise financeira e económica não regressa mais, que a educação, como a saúde e a Segurança Social, não cavam fossos inaceitáveis, que os cidadãos dispõem de vários caminhos de escolha, sabendo que a existência de alternativa quanto à governação é sempre preferível às ambiguidades diluidoras que só reforçam os radicalismos anti-sistémicos. Mas que os seus responsáveis políticos e sociais tenham a grandeza de alma para fazer convergências no verdadeiramente essencial, mantendo as frontais e salutares divergências naquilo que o não é.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Um exercício de humildade cívica

No fim, mais um apelo, desta vez a um “exercício de humildade cívica”. Marcelo pede que a oposição reconheça os sucessos do Governo e a este que reconheça os próprios fracassos. Sem “complexos ou arrogâncias”, sem “temores ou inibições”.

"Se, ano após ano, e também este ano, mostrarmos a coragem necessária para sublinharmos o que correu bem ou muito bem, mesmo que isso aparentemente favoreça outros que não nós, e para reconhecermos o que correu mal ou mesmo muito mal, ainda que isso nos apareça como intolerável fragilidade própria, o 5 de Outubro continuará a valer a pena, a República democrática será mais do que uma conquista história, umas centenas de artigos da constituição ou uma proclamação para sessões solenes. Eu acredito que somos capazes deste exercício de humildade cívica, de afirmar êxitos sem complexos ou arrogâncias, de confessar fracassos sem temores ou inibições e de assumir que, no futuro, teremos de ser igualmente perseverantes no que fizemos de certo e radicalmente melhores no que fizemos de errado ou de insuficiente ou, pura e simplesmente, não fizemos.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

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