Novo Banco consegue 1.600 milhões em depósitos depois da recompra de dívida

  • ECO
  • 6 Outubro 2017

O banco de transição desembolsou mais de 1.900 milhões para recomprar parte da sua dívida. Mas 80% deste montante fica no banco, em depósitos a prazo.

Depois da operação de recompra de dívida, que ficou concluída esta semana, o Novo Banco deverá aumentar a sua base de depósitos em mais de 1.600 milhões de euros. A notícia é avançada, esta sexta-feira, pelo Jornal de Negócios (acesso pago), que cita o presidente executivo do banco, António Ramalho.

“Assegurámos uma liquidez estável de, pelo menos, 1.600 milhões de euros, tendo em conta as intenções” de adesão à proposta de depósitos, diz António Ramalho ao Jornal de Negócios. Este valor, acrescenta o mesmo jornal, representa 80% do montante que o Novo Banco pagou para recomprar a sua dívida. Ou seja: a instituição pagou 1.988 milhões pela recompra de obrigações, mas, deste montante, 1.600 milhões vão permanecer no banco, em depósitos com prazos que variam entre os três e os cinco anos, o que permitirá “preservar” a liquidez do banco, salienta António Ramalho.

No memorando da oferta de recompra de dívida, o Novo Banco deu a hipótese, aos obrigacionistas que aceitassem vender a dívida que detinham, de constituírem depósitos a prazo, com condições mais apelativas do que as que são oferecidas no mercado. A taxa de juro oferecida nestes depósitos varia consoante a maturidade das aplicações que foram vendidas, chegando até aos 6,5%.

No caso dos clientes que detêm obrigações com maturidade em 2019, por exemplo, o Novo Banco propunha recomprar estas obrigações por 82% do valor nominal, ou seja, havia uma perda de 18% para os obrigacionistas. Esta perda poderá ser compensada com um depósito a três anos, que paga uma taxa de juro anual de 6,5%. Nas maturidades mais longas, o juro oferecido é menor.

A remuneração destes depósitos, calcula ainda o Negócios, deverá custar ao Novo Banco mais de 200 milhões de euros. Contudo, a operação de recompra de dívida permitiu à instituição constituir uma folga de cerca de 700 milhões de euros, resultante, sobretudo, da poupança com o pagamento de juros.

A operação de recompra de obrigações ficou concluída no início desta semana. Os credores aceitaram trocar 4,74 mil milhões de euros em obrigações, valor que ficou abaixo do objetivo que tinha sido traçado pelo Novo Banco mas que, ainda assim, vai permitir ao banco constituir uma almofada de capital de cerca de 500 milhões de euros, condição essencial para a concretização da venda ao fundo norte-americano Lone Star.

Também esta sexta-feira, o Jornal Económico (acesso pago) avança que a injeção de capital no Novo Banco será feita na totalidade ainda este ano. Estava previsto que o Lone Star injetasse 750 milhões de euros de imediato e os restantes 250 milhões até 2020, mas, segundo o jornal, decidiu injetar a totalidade dos mil milhões ainda este ano. Assim, o Fundo de Resolução consegue aumentar a almofada de capital e evitar o acionamento do mecanismo de capitalização contingente, caso os rácios de capital do banco baixem devido a perdas com ativos.

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