Apenas uma em seis operações de desinvestimento em capital de risco deu lucro
Investir em empresas com maior risco de insucesso continua a ser um desafio. Apenas uma em seis alienações de capital de risco deu mais-valia. CMVM salienta ausência de recurso ao mercado de capitais.
Apenas uma em cada seis operações de desinvestimento em capital de risco resultou em mais-valias face ao valor de aquisição, tendo apresentado um “lucro” de 88,5 milhões de euros em 2016, segundo as conclusões do relatório anual de capital de risco divulgado esta terça-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Mais de um terço registou menos-valias.
O capital de risco constitui um instrumento de financiamento de empresas, sobretudo para as pequenas e médias empresas, sendo o investimento direcionado para projetos que se encontrem em fase de arranque (startups, por exemplo) ou expansão. São por isso investimentos que apresentam um elevado grau de falhar.
De acordo com a CMVM, foram concretizadas 402 operações de desinvestimento em 2016, resultantes das alienações ocorridas em 180 empresas e levadas a cabo por 23 sociedades. “Estas alienações resultaram num desinvestimento de cerca de 398,4 milhões de euros”, adianta o regulador. E em muitos dos casos, estas operações deram prejuízo para o investidor: em mais de um terço resultou em menos-valias.
“Aproximadamente 34,1% das operações de desinvestimento em capital de risco resultaram em menos-valias face ao valor em carteira e 44,5% registaram mais-valias para os operadores de capital de risco”, detalha a CMVM.
"Aproximadamente 34,1% das operações de desinvestimento em capital de risco resultaram em menos-valias face ao valor em carteira e 44,5% registaram mais-valias para os operadores de capital de risco.”
“Contudo, as conclusões alteram-se quando as valias são apuradas com base no valor de aquisição. Apenas 16,2% das operações registaram mais-valias, num montante de 88,5 milhões de euros”, acrescenta. Ou seja, apenas uma em cada seis operações deu lucro.
No relatório de atividades, a CMVM deixa uma crítica implícita ao facto de os operadores de capital de risco continuarem afastados do mercado acionista como caminho alternativo para alienar as suas participações.
“Em 2016 não houve nenhum desinvestimento via oferta pública inicial (IPO), apesar de cerca de 103 (12,8%) detidas no final do ano pelos operadores de capital de risco apresentarem um valor superior a 2,5 milhões de euros, o que indica que, em teoria, existem empresas na esfera do capital de risco com condições para a introdução no mercado de capitais”, frisa o regulador liderado por Gabriela Figueiredo Dias, lembrando que aquele é o valor mínimo em termos de dispersão bolsista para a realização de um colocação privada no mercado Alternext.
Segundo os dados da CMVM, a nível europeu, a atividade de venture capital cresceu para 4,4 biliões de euros em 2016. Em Portugal os ativos sob gestão do setor do capital de risco mantiveram a tendência de crescimento verificada em anos anteriores, tendo no final do ano atingido 4,6 mil milhões de euros.
"Contudo, as conclusões alteram-se quando as valias são apuradas com base no valor de aquisição. Apenas 16,2% das operações registaram mais-valias, num montante de 88,5 milhões de euros.”
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