David Neeleman garante que a TAP vai regressar ao Porto com novos voos
Face a uma estabilização da companhia aérea, David Neeleman diz que espera anunciar mais destinos e voos a partir do Porto. Mas "não pode esperar" cinco anos para ter um novo aeroporto em Lisboa.
David Neeleman, um dos principais acionistas da TAP, defende que “não podemos esperar cinco anos para abrir um novo aeroporto” em Lisboa — é possível fazê-lo em dois anos. Quanto ao Porto, planeia anunciar novos voos e destinos até ao próximo verão. “Estamos mais preparados para fazer isso que há dois anos”, explicou.
“Precisamos de um novo aeroporto. Não podemos esperar cinco anos para abrir um novo“, disse Neeleman no debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Britânico, em Lisboa. De acordo com o acionista, um terminal equivalente ao terminal 2 da Portela pode ser construído em seis meses, portanto, “podemos ter qualquer coisa em dois anos se nos focarmos realmente”.
Quanto ao financiamento, mantém a posição de declarações anteriores, nas quais se recusava a pagar um aeroporto que se destina sobretudo às companhias lowcost. “Todos deviam pagar pelo seu próprio aeroporto. Não vou pagar para a Ryanair vir aqui e retirar-nos negócio. Ninguém em Portugal deveria aceitar isso. Somos uma empresa nacional e não podemos ser prejudicados para ajudar alguém que realmente tem muito mais lucro e dinheiro do que nós. Estamos aqui a sobreviver [a TAP], não lhes vou dar um subsídio”.
Todos deviam pagar pelo seu próprio aeroporto. Não vou pagar para a Ryanair vir aqui e retirar-nos negócio. Ninguém em Portugal deveria aceitar isso.
David Neeleman está focado em amortizar a dívida de 600 milhões de euros da TAP, que começará a ser abatida em novembro de 2018, com o pagamento de dez milhões de euros por mês. Apesar da dívida de 52 milhões na primeira metade do ano, David acredita que poderá acabar o ano com lucro, mas assume: “Também temos de baixar custos e ser mais eficientes”.
Baixar os custos é a única forma de recuperar financeiramente quando está limitado em termos de infraestrutura, assinalando a falta de aeroporto como o principal desafio para a TAP. “Quando o número de passageiros cresce 25%, a infraestrutura tem de crescer contigo“, diz Neeleman, e relata: “Há pessoas a querer vir e nós a dizer ‘Portugal está fechado’“. Segundo o acionista, há horas do dia em que são forçados a estar parados. A solução mais imediata será “começar com saídas rápidas da pista e um novo sistema de navegação” de forma a maximizar as operações por hora, afirma.
Tendo em conta a importância crítica que as viagens aéreas têm para Portugal, “deveríamos estar a trabalhar 24 sobre 24 horas para resolver este problema”, aponta Neeleman. O responsável está a par que existem negociações com a Força Aérea e relembra que “a ANA tem de ter o seu papel”.
A caminho do Porto
Quando se procedeu à privatização, a diminuição do fluxo de voos da TAP no Porto gerou fortes críticas, nomeadamente do presidente da Câmara Rui Moreira. Agora, Neeleman diz que a TAP está mais estabilizada e portanto pronta para voltar. Aponta para a próxima primavera ou verão para anunciar novos destinos e voos para a Invicta.
“Sabemos que estamos mais preparados hoje para concorrer”, diz Neeleman. Avança que é necessário negociar com o aeroporto “para ter as mesmas condições que as outras companhias têm” — fala em subsídios dos quais a concorrência usufrui.
Da parte da companhia aérea nacional, “temos uma aeronave melhor, uma maneira de trabalhar mais próxima da da Ryanair em alguns aspetos”, o que traz conforto para voltar ao Porto. Para além disso, a frota deverá ser renovada na íntegra até 2019. A TAP investiu €70 milhões na renovação de 48 aviões para modernizar o produto e crescer a oferta, a ser concluída até janeiro de 2018.
Para Fernando Pinto “há sempre um lugar na TAP”
Neeleman afirma que “há sempre um lugar na TAP”, frase que repete quando inquirido acerca da possibilidade desse lugar ser a cadeira do CEO, deixando assim a possibilidade em aberto. “Precisamos sempre da sabedoria e do conhecimento dele”, diz.
Recentemente, Fernando Pinto assegurou: “Não sairei em breve da TAP“, embora desde o verão passado se fale nesta possibilidade. A confirmar-se a substituição, Antonoaldo Neves, antigo presidente da Azul, será o principal candidato. Faz atualmente parte do conselho de administração da TAP.
A Azul foi a companhia cuja parceria trouxe mais passageiros à TAP em voos de conexão: 88 mil de 237 mil, o que representa uma receita de 50 milhões de euros. Esta aliança foi principalmente relevante no mercado brasileiro, no qual as receitas cresceram 53% entre 2015 e 2016. A Azul contribui em 38% para estes resultados.
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