Sonangol rescinde contrato de auditoria com a PwC por “conflito de interesses”
A medida foi tomada pelo novo executivo da petrolífera, agora liderado por Carlos Saturnino. O contrato tinha sido assinado por Isabel dos Santos a 1 de novembro deste ano.
A administração da Sonangol anunciou esta terça-feira a rescisão, por mútuo acordo, do contrato com a consultora PwC, para auditoria externa da petrolífera estatal angolana, rubricado a 01 de novembro por Isabel do Santos, alegando “conflito de interesses”.
Em comunicado enviado à Lusa, a administração liderada desde 16 de novembro por Carlos Saturnino, após a decisão do Presidente angolano, João Lourenço, de exonerar do cargo Isabel dos Santos, refere que a mesma empresa “tinha já sido contratada como consultora do processo de transformação”, em 2016.
“O término do contrato assenta no facto de que, a adjudicação do mesmo à PwC, conformou um quadro de conflito de interesses”, refere a petrolífera detida pelo Estado angolano, que foi liderada por Isabel dos Santos entre junho de 2016 e novembro de 2017, indicada para o cargo pelo então chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.
Além disso, a empresa refere que a contratação da PwC para prestação de serviços de auditoria às demonstrações financeiras individuais e consolidadas da Sonangol E.P. e das suas subsidiárias, a vigorar até 2019, anunciada pela administração de Isabel dos Santos a 01 de novembro, não foi orientada pelo chefe de Estado, João Lourenço, no cargo desde 26 de setembro.
“A impelir a petrolífera nacional concorreu igualmente a observância à Lei de Base do Setor Empresarial Público, a qual determina que o perfil do auditor para a Sonangol tem que ser definido pelo titular do poder executivo”, acrescenta a nota.
A administração da Sonangol diz ainda que “analisados os pressupostos que rodearam a contratação”, concluiu-se “ter havido uma alteração substancial das circunstâncias que determinaram a realização do concurso para a aquisição dos serviços de auditoria e a consequente adjudicação do contrato”.
“Pelo facto, a Sonangol E.P., e a PwC primaram pelo entendimento que ditou o fim do contrato de prestação de serviços de auditoria”, conclui a nota enviada à Lusa.
Na ocasião, a administração de Isabel dos Santos afirmou que o processo de escolha “salvaguardou o cumprimento de todos os trâmites legalmente previstos” e incluiu “etapas adicionais de interação direta entre as partes, no sentido de reforçar a transparência, equidade e aplicação dos princípios éticos” que regem a atividade da empresa.
A PwC já tinha auditado as contas da Sonangol em 2016, validando-as, mas com “reservas”, nomeadamente na natureza e circunstância das “transações de diversas naturezas” que a petrolífera mantém com o Estado angolano, sobre a recuperabilidade de investimentos realizados anteriormente e também pela alteração da política contabilística do grupo.
O resultado líquido consolidado da Sonangol em 2016 foi de 13.282 milhões de kwanzas (70,5 milhões de euros), uma quebra de 72% face ao exercício de 2015, “como resultado de uma diminuição nos resultados financeiros e nos resultados de filiais e associadas”, reconhece a petrolífera, no seu relatório e contas.
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