ACAP contra carta nas motas 125cc. Número de acidentes mortais representa “pequena percentagem do total”
Depois de Eduardo Cabrita ter dito que era necessário repensar a "Lei das 125 cc", a ACAP explica que os acidentes com motas 125 cc representam "pequena percentagem do total de mortes".
Na passada sexta-feira, o ministro da Administração Interna disse ser necessário repensar a dispensa de formação para quem conduza motas de 125cm3 de cilindrada, relacionando essa decisão com um aumento do número de acidentes que envolvem motociclistas. Perante essas afirmações, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) e a Federação de Motociclismo de Portugal (FMP) vêm esclarecer esses números, dizendo que não existe relação com esse tipo específico de motociclos. As entidades já solicitaram uma audiência urgente com Eduardo Cabrita.
“Temos de repensar aquilo que foi uma decisão que nos suscitou as maiores dúvidas, que foi a dispensa de qualquer formação para quem, tendo uma carta de ligeiros, possa comprar uma mota até 125 cm3 e imediatamente sair para a estrada”, disse o ministro da Administração Interna, em entrevista à Antena 1. Eduardo Cabrita tocava ainda no número de acidentes que ocorrem com motociclos, considerando “absolutamente inaceitável” o elevado número de atropelamentos, sobretudo nas zonas urbanas.
Mais tarde, o ECO falou com o deputado do PCP que tinha sido o mentor da “Lei das 125cc”, que criticou as declarações de Eduardo Cabrita e afirmou que o número de acidentes com motas “diminuiu muito” desde a aprovação da lei. “Estamos hoje, mais ou menos, com o mesmo número de mortes que estávamos no ano antes da ‘Lei das 125’. Tem vindo sempre a melhorar, à exceção deste ano”, disse Miguel Tiago, acrescentando ainda que estas declarações estão relacionadas com “interesses económicos, como as escolas de condução ou os centros de inspeção, que têm interesses nesta matéria”.
Face à polémica que este tema envolveu nos últimos dias, a ACAP e a FMP emitiram um comunicado onde apresentam um “esclarecimento sobre a sinistralidade com motos”. “A ACAP, em representação das empresas do setor do comércio de motociclos, e a FMP, em representação dos motociclistas, vêm esclarecer que, apesar de se ter verificado um crescimento do número de acidentes com vítimas mortais em veículos de duas rodas a motor face ao período homólogo de 2016, o mesmo não se traduziu num aumento da taxa de sinistralidade, nem que existe uma relação de causalidade entre a Lei das 125cc e o aumento do número de vítimas“, pode ler-se no comunicado.
As entidades acrescentaram ainda que “desde essa altura, e ao inverso do que tem sido afirmado, a taxa de sinistralidade tem diminuído de forma constante e sistemática” e que “os dados estatísticos disponíveis não evidenciam que o aumento do número de acidentes com vítimas mortais ocorra no segmento dos motociclos até 125 cm3, representando estes uma “pequena percentagem do número total de mortes”, o que vai de encontro com as declarações do deputado do PCP.
Quanto ao número de vítimas mortais, estas explicam que “tem vindo a reduzir-se significativamente, tendo passado de 3% entre 2000 e 2005, para 2% entre 2006 e 2014, e, finalmente, para 1% entre 2015 e 2017″. Tanto a ACAP como a FMP já solicitaram, “com caráter de urgência”, uma audiência ao Ministro da Administração Interna.
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