Investimento imobiliário dispara para perto dos 2 mil milhões. Estrangeiros pesam 80%
O investimento imobiliário bateu recordes em 2017 e chegou aos 1,9 mil milhões. Os ativos de retalho e escritórios são os que mais contribuem para o crescimento.
O volume de investimento no mercado imobiliário em Portugal chegou aos 1,9 mil milhões em 2017 — um valor inédito, nota a JLL, na apresentação do estudo Market 360.º, que cobre todas as áreas de investimento do imobiliário. Foi uma escalada de 50% desde o ano anterior, e foram os estrangeiros os que mais ajudaram na subida. Cerca de 80% do investimento teve origem internacional, e dirigiu-se sobretudo ao retalho e aos escritórios. Em 2018, a consultora imobiliária espera que a trajetória continue no mesmo sentido.
“Portugal é visto como um investimento muito maduro” afirma Fernando Ferreira, responsável pela área de Capital Markets na JLL. “Grandes investidores querem algo mais rentável e retiram dinheiro de outras aplicações para apostar no imobiliário”, explica, justificando o valor de transação mais elevado desde que há registo, os 1,9 mil milhões de euros de 2017.
“O retalho continua a agregar o maior volume de investimento”, aponta o relatório, representando 35% do capital investido. A venda de grandes ativos neste setor contribuiu largamente para a ascensão do volume de investimento. Mariana Rosa, responsável de Office Agency e Corporate Solutions, realça a forma como novas zonas ganham vida, como é o caso do eixo ribeirinho, para onde se deslocou a EDP — e depois empresas como a Vieira de Almeida, WPP e Farfetch. Por oposição, a Expo já só tem uma disponibilidade inferior a 3%.
O retalho é seguido do setor dos escritórios, responsável por uma fatia de 31% da aposta em imobiliário. Neste campo, a captação de multinacionais tem sido um dos grandes motores. Contudo, Fernando Ferreira assinala a “pouca rotação” destes ativos e a “falta de oferta”.
Os centros comerciais e escritórios chegaram a “um empate” ao nível da yield prime, a taxa correspondente ao ativo de melhor desempenho de cada setor. Situou-se nos 4,75% em 2017. A taxa do comércio de rua ficou próxima, nos 4,5%. “As yields registaram novos mínimos históricos, revelando o forte apetite dos investidores, ao mesmo tempo que se mantêm superiores à maioria dos mercados europeus”, conta o relatório, realçando a liquidez dos mercados internacionais como mais um fator adjuvante na captação de investimento estrangeiro.
“Os investidores domésticos também se revelaram bastante dinâmicos“, relata o estudo, apontando para um aumento no número de transações feitas por estes investidores, de 24% em 2015 para 45% em 2017. Apesar do número de transações, contribuíram apenas 20% para o total do volume investido.
No setor residencial, este desequilíbrio está a diminuir, pelo menos de acordo com a realidade da imobiliária. Na JLL, a percentagem de estrangeiros a adquirir habitação recuou dos 65% para os 57%, dado o aumento da procura doméstica por estes ativos. A procura interna “tem tendência a aumentar”, comenta Patrícia Barão, responsável pela área Residencial na JLL. Justifica com a maior liquidez — a concessão de créditos à habitação aumentou 44% entre 2017 e 2016 — mas também com o facto de o imobiliário ser um “refúgio seguro” face às condições de investimento pouco interessantes oferecidas pela banca.
Segundo a JLL, uma estimativa “contida” para o volume de investimento em 2018 são os 2,5 mil milhões. E “há quem diga três mil milhões”, avança Fernando Ferreira. Em parte, dadas as operações que não foram concluídas em 2017. “Existe produto”, assegura o responsável de Capital Markets, “há duas seguradoras neste momento no mercado com portefólios”, que, acredita, contribuirão para aumentar bastante a fasquia do ano corrente.
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