Perdão de dívida significaria perpetuar modelo para Portugal continuar a endividar-se

  • Lusa
  • 25 Outubro 2016

O economista diz que um perdão de dívida aliviará apenas o constrangimento para o país poder repetir "o modelo e continuarmos a endividarmo-nos pela folga da eventual restruturação de dívida".

Vitor Bento afirma que a ideia de reestruturar a dívida, sobretudo através de um perdão, significa manter o modelo para Portugal continuar a endividar-se e não a comportar-se de forma financeiramente responsável.

Tem-se vindo a desenvolver a ideia de que é preciso reestruturar a dívida. O objetivo é, pura e simplesmente, manter o [atual] modelo apenas para aliviar o constrangimento para poder repetir-se o modelo e continuarmos a endividarmo-nos pela folga da eventual restruturação de dívida”, explicou o economista numa conferência sobre o Orçamento do Estados para 2017 e a Nova Tributação do Património, realizada em Lisboa.

O economista entende que a questão de se restruturar a dívida, sobretudo com o perdão, “significa dizer ao futuro que aquilo que sacou por conta do passado não se paga e que há gente que deixará de receber”, e que a folga eventualmente criada não é para “tirarmos esse peso de cima e daí passarmos a comportar-nos de uma forma financeiramente responsável”.

Na intervenção que fez na conferência organizada pela sociedade de advogados PLMJ, intitulada “Portugal uma perspetiva de longo prazo”, Vitor Bento lamentou a falta de uma visão que de alguma forma permita ver a evolução do orçamento numa “perspetiva de um prazo mais longo” e não tão curto.

“Eu propunha uma forma mais longa de olhar para as condicionantes da economia e para a sociedade em geral, não apenas para o ano, mas dos vários anos”, explicou Vítor Bento, presidente não executivo da SIBS (entidade que gere o Multibanco).

“Se não olharmos para essa perspetiva dificilmente perceberemos o orçamento de ‘per se’”, disse o economista, realçando que este ano, como a expectativa era a de que o “orçamento corresse muito mal e que o orçamento de 2016 não fosse aprovado, neste momento está tudo muito satisfeito”.

“Afinal, não foi um desastre este ano e isso, como sentimento, é pelo menos muito fraco”, salientou.

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