IGCP vê custo da dívida cair em 2018. Mas vai gastar mais com os pequenos investidores

Agência de Cristina Casalinho está a informar os investidores internacionais que espera uma descida do custo do endividamento de Portugal este ano. Mas prevê gastar mais com certificados do Tesouro.

Portugal vai continuar a beneficiar de condições bastante atrativas para se financiar nos mercados ao longo de 2018, com o IGCP a prever uma nova redução do custo da dívida pública para mínimos desta década. Ainda assim, o Estado vai gastar mais dinheiro com os certificados do Tesouro devido aos encargos com os prémios que vai ter de pagar este ano.

O custo de todo o endividamento público deverá baixar para 2,8% este ano, caindo pelo quarto ano consecutivo, segundo as previsões que constam da apresentação da agência liderada por Cristina Casalinho aos investidores internacionais. E são vários os motivos que ajudam a explicar esta baixa para o nível mais baixo desde, pelo menos, 2010.

Casalinho vê custo da dívida baixar este ano

Fonte: IGCP

Desde logo, os empréstimos oficiais estão mais baratos para os cofres públicos. Na verdade, isto já era amplamente expectável depois de o Governo português ter acelerado os reembolsos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ao longo de 2017, permitindo-se livrar da penalização de juros que impendia sobre o empréstimo ao Fundo já no início deste ano. Com isto, a taxa de juros dos empréstimos que socorreram Portugal em 2011 deverá baixar para os 2,3% este ano.

Por outro lado, Cristina Casalinho acredita que vai continuar gozar de algum conforto sempre que for ao mercado pedir dinheiro emprestado, antecipando um sentimento dos investidores imperturbável num ano em que se espera o fim dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE).

O IGCP vê a taxa do stock das obrigações do Tesouro a cair consideravelmente para os 3,5% no final deste ano, 0,4 pontos percentuais abaixo do juro médio atual. E vê ainda a taxa dos bilhetes do Tesouro cair para terreno negativo em 2018: -0,3%. O leilão de dívida de curto prazo desta quarta-feira reforça a expectativa de juros abaixo da linha de água em 2018.

Prémios do PIB vão aumentar custo dos certificados

Mas nem tudo são notícias favoráveis aos cofres públicos no que toca à evolução dos encargos com a dívida pública em 2018. O IGCP prevê que o retalho vá custar um pouco mais ao Estado, com a taxa de juro a subir para os 3%. Mas por que razão os encargos sobem se o Governo tem vindo a baixar a remuneração dos certificados do Tesouro e as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV)?

Retalho vai custar mais aos cofres

Fonte: IGCP

Isto acontece porque os primeiros Certificados do Tesouro Poupança Mais emitidos em outubro de 2013 estão a chegar agora aos quarto e quinto ano de aplicação, os anos em que a taxa de juro é maior (juro de 5%) e em que os títulos pagam prémios adicionais em função do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).

Basta ver o que aconteceu já no final do ano passado, quando os primeiros certificados atingiram o quarto ano de aplicação oferecendo um super bónus aos aforradores portugueses de quase 2%, impulsionando a rentabilidade destes títulos para 7%.

Em 2018, com o Governo e as instituições internacionais a esperarem um crescimento económico acima dos 2%, o IGCP poderá ter de pagar um prémio superior a 1,5%.

Para já, depois de o Instituto Nacional de Estatística ter revelado que Portugal cresceu 2,5% no último trimestre do ano passado, o bónus dos certificados que chegam agora ao quarto ano de maturidade deverá situar-se à volta dos 2,1%, segundo os cálculos do ECO.

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