Moody’s: Taxas nas importações de aço e alumínio vão prejudicar indústria europeia
Após Donald Trump anunciar que pretendia criar taxas às importações de aço e alumínio, a Moddy's alerta para o acesso limitado dos produtores europeus a um dos maiores mercados de exportação.
O agravamento pelos EUA das tarifas sobre o aço limitará o acesso dos produtores europeus a um dos seus maiores mercados de exportação e inundará a Europa de aço barato oriundo dos atuais exportadores para aquele mercado, avisa a Moody’s.
Segundo um relatório divulgado esta segunda-feira pela agência de rating, o “impacto mais severo” da medida anunciada na semana passada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a indústria europeia de aço será o “efeito indireto” de o mercado europeu passar a ser o escape das exportações de grandes países produtores que vão deixar de conseguir vender para aquele país.
É que, alerta, se os cerca de 14 milhões de toneladas de aço exportados em 2017 pelos maiores fornecedores dos EUA – como o Brasil, Coreia do Sul, Taiwan, Rússia e Turquia, entre outros – fossem redirecionados para a União Europeia (UE), tal implicaria um aumento de 35% das importações europeias desta matéria-prima, que no ano passado atingiram as 40 milhões de toneladas.
De acordo com a Moody’s, se atualmente já existem taxas ‘anti-dumping’ [taxas para evitar a venda abaixo do preço de custo] para proteger a indústria europeia face às importações russas de aço, o facto é que não há atualmente qualquer proteção contra as importações de aço da Coreia do Sul e da Turquia. Ou seja, por exemplo a Turquia, que em 2017 exportou 1,7 milhões de toneladas de aço para os EUA, equivalentes a 6% do total de importações de aço daquele país, poderá passar a redirecionar grande parte deste volume para a UE.
“Um acelerar das importações de aço para a UE, após estas terem estabilizado em 2017 no pico atingido em 2016, prejudicaria o equilíbrio entre a oferta e a procura de aço na Europa e conduziria a uma quebras nas taxas médias de utilização de capacidade desta matéria-prima na União Europeia, possivelmente para o valor mais baixo ou médio do intervalo de 75%-85% no qual baseamos a nossa atual perspetiva ‘estável’ para o setor”, adverte a Moody’s.
Segundo a agência de rating, uma maior competitividade ao nível das importações e taxas de utilização de capacidade mais baixas levarão a um “enfraquecimento da rentabilidade dos fabricantes europeus de aço”. A eventual tomada de medidas de retaliação por parte das autoridades europeias para proteger a indústria doméstica teria, segundo a Moody’s, efeitos muito residuais, já que as importações de aço feitas pela UE aos EUA “são modestas”, equivalendo a “menos de 5% das importações totais da região em 2017”.
Adicionalmente, o “efeito direto” mais imediato da imposição de novas taxas alfandegárias sobre o aço e alumínio por parte dos EUA será a limitação do acesso dos produtores europeus a um dos seus maiores mercados de exportação. Ainda assim, segundo a Moody’s, a medida não deverá ter um “efeito imediato” sobre os grandes fabricantes europeus de aço avaliados pela agência, já que a maior parte das receitas que estes obtêm no mercado norte-americano são geradas por fábricas que eles próprios detêm nos EUA e não por exportações de aço para aquele país.
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