Exclusivo Santa Casa e outras IPSS pagam 50 milhões de euros por 2% do Montepio
Negócio está praticamente fechado. A Santa Casa e as outras misericórdias e IPSS vão pagar 50 milhões de euros por 2% do capital do Montepio. Associação mantém avaliação do banco nos 2.400 milhões.
O negócio está praticamente fechado. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e as outras instituições sociais vão ficar com 2% da Caixa Económica Montepio Geral. Por essa fatia “simbólica” vão pagar quase 50 milhões de euros, sabe o ECO. O que corresponde, no final de contas, à avaliação que a Associação Mutualista e Tomás Correia fazem do seu próprio banco.
Dentro deste conjunto de investidores estão, além da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, outras centenas de misericórdias espalhadas pelo país e outras instituições da chamada economia social, incluindo instituições particulares de solidariedade social (IPSS), tal como já havia adiantado o Público.
Para já, não se sabe ainda quantas instituições entram nesta pool, mas serão estes os moldes, segundo conseguiu apurar o ECO: a entrada destes novos acionistas será feita ao preço nominal das ações da Caixa Económica, com o valor unitário de um euro; além disso, a posição que eles vão assumir não vai exceder os 2% de capital do banco. Sucede daqui um investimento que pode chegar aos 48 milhões de euros, com a Santa Casa a assumir protagonismo no negócio.
O Jornal Económico tinha noticiado que cada uma das pequenas mutualistas poderia desembolsar um montante entre 1.000 euros e 10.000 euros. Uma fonte revelou ao ECO que existe a possibilidade deste investimento se situar no intervalo entre 5.000 euros e 10.000 euros, um esforço que está ao alcance das associações de reduzida dimensão.
Embora ainda não esteja concluído, é certo que os termos finais do negócio vão ficar muito longe daqueles que foram discutidos de início: a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a pagar 200 milhões por 10% do capital da Caixa Económica ou investir 160 milhões por uma participação de 6% no banco, hipóteses que foram levantadas nestes últimos meses.
Por outro lado, para Tomás Correia, apesar do menor interesse assumido pelos parceiros sociais dentro de um banco que queria mais vocacionado para a terceira economia, este negócio faz-se com base num ótimo pressuposto para as contas da associação mutualista que lidera: vende uma pequena parcela do banco, mais pequena do que pretendia, mas fá-lo através de uma operação que não vai implicar o registo de mais imparidades. Acontece que o banco está avaliado, em termos contabilísticos, em cerca de 2.400 milhões de euros, no balanço da mutualista. E é esse o preço que a Santa Casa e as outras instituições vão pagar para ficar com apenas 2%.
De resto, depois de ter já registado imparidades de 350 milhões com o banco, a Associação Mutualista foi obrigada a assumir mais imparidades no ano passado. Segundo foi possível apurar, a Caixa Económica representou quase 150 milhões de euros dos 230 milhões de euros de imparidades adicionais que a instituição registou no ano passado, conforme anunciou esta segunda-feira a mutualista num curto comunicado onde informa sobre as contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017.
Tal como o ECO já tinha noticiado em primeira mão, a Associação Mutualista beneficiou de créditos fiscais para dar a volta aos seus capitais próprios que estavam negativos em 250 milhões de euros em 2016 e passaram a positivos em mais de 500 milhões em 2017. E tudo graças ao contributo de 830 milhões de euros de créditos fiscais autorizados pelo Ministério das Finanças.
As contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017 ainda não tiveram a aprovação do conselho geral da Associação Mutualista, que reuniu-se esta segunda-feira. Foi agendado um novo encontro para a próxima semana, tendo em vista a votação final da parte dos associados na assembleia geral de 28 de março.
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