Prestação da casa com taxa a seis meses sobe pela primeira vez em quatro anos

É muito pouco, mas vai pesar mais no bolso de muitas famílias portuguesas. Pela primeira vez nos últimos quatro anos, os empréstimos da casa indexados à Euribor a seis vão sofrer um agravamento dos encargos com as prestações. Este aumento irá afetar os créditos cujas taxas de juro sejam revistas em abril. A boa notícia é que será uma subida muito reduzida.

Assumindo o cenário de um crédito no valor de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, quem tiver o crédito associado à Euribor a seis meses, vai ver a prestação mensal fixar-se nos 309,34 euros, em abril. Este valor representa uma subida face à última revisão em setembro, de 0,03% ou o equivalente a nove cêntimos.

Euribor a 3 meses no último ano

^{Fonte: Reuters}

Trata-se assim de um agravamento ligeiro, mas simbólico já que é a primeira vez desde a revisão de março de 2014 que essas famílias vão sentir uma subida dos encargos com o empréstimo da casa. Aliás, no universo total de créditos que usam a Euribor a seis meses como referência, não ocorria um aumento dos juros da casa desde maio também de 2014.

Este será assim do segundo grupo de famílias a sentir um aumento dos encargos mensais, depois há seis meses ter acontecido o mesmo com um conjunto de créditos associados à Euribor a três meses.

Na revisão de abril há, no entanto, boas notícias para as famílias cujos créditos seguem a evolução da Euribor a três meses. O valor das respetivas prestações não sofre qualquer alteração. De acordo com o mesmo cenário base, o valor dos encargos irá fixar-se por mais três meses nos 306,8 euros mensais.

Ainda mais sorte terão os portugueses com créditos associados à Euribor a 12 meses, já que irão continuar a beneficiar do rumo descendente dos juros verificado ao longo do último ano. Nesse caso, o valor da prestação cai 1%, ou 3,31 euros, para os 312,94 euros.

Subida de juros à vista

Contudo, já é notório ao longo das recentes revisões mensais dos créditos que usam a Euribor a 12 meses, cortes cada vez mais curtos nos valores das prestações. A esta realidade não será alheio o facto de as Euribor nas diferentes maturidades estarem cada vez mais estabilizadas, num período em que a possibilidade dos juros de referência na Zona Euro inverterem face ao atual mínimo histórico ganha mais força.

Ainda recentemente, o Bundesbank antecipou a possibilidade de uma subida de juros na Zona Euro em 2019. “Os mercados preveem uma primeira subida dos juros aproximadamente em meados de 2019, o que seguramente não é irreal”, afirmou Jens Weidmann, presidente do banco central alemão e membro do Conselho de governadores do BCE, na última segunda-feira num discurso em Viena.