Carta da Ryanair ameaça tripulantes: “Se recusarem operar voos, a sanção normal é a demissão”

A companhia lowcost enviou uma carta aos tripulantes de várias bases onde ameaça despedir aqueles que recusarem voar. Admite também processar os sindicatos por "falsas alegações".

As denúncias já tinham sido feitas por vários trabalhadores da Ryanair: a companhia aérea está a ameaçar os tripulantes em greve de despedimento. A carta enviada pela companhia aérea irlandesa às tripulações de várias bases onde opera, a que o ECO teve acesso, confirma isso mesmo. A empresa não só ameaça despedir os grevistas, como apela aos tripulantes das bases fora de Portugal que não se deixem “intimidar” pelas “falsas alegações” dos sindicatos. E admite também processar os sindicatos.

“Têm de cumprir as vossas obrigações contratuais e operar os voos planeados pela companhia, de acordo com o vosso contrato de trabalho — não podem escolher que voos operar”, pode ler-se na carta enviada aos tripulantes, datada de 3 de abril e assinada por Andrea Doolan, responsável pelas operações de planeamento de voos. “Se abandonarem o vosso dever ao recusar operar voos como ordenado pela companhia, isso será visto como uma transgressão grave e sujeita a processo disciplinar, para a qual a sanção normal é a demissão”, acrescenta a responsável.

A carta enviada pela administração da Ryanair aos trabalhadores.D.R.

Ao mesmo tempo, a companhia lowcost acusa tripulantes e sindicatos de fazerem “falsas alegações” de que os tripulantes de bases não portuguesas que substituam os grevistas serão sujeitos a “processos legais” e perderão a sua licença. “Estas alegações são completamente falsas e estão a ser feitas por indivíduos para intimidar-vos e causar a máxima disrupção aos nossos clientes”, sublinha a empresa.

A Ryanair reitera que “não há risco de serem interpostas ações” contra os tripulantes que substituam os trabalhadores em greve e promete proteção aos tripulantes que o fizerem. “Há zero risco de qualquer dos nossos tripulantes perder a sua licença de voo ou identificação aeroportuária — estas alegações são falsas”, acrescenta.

"Se abandonarem o vosso dever ao recusar operar voos como ordenado pela companhia, isso será visto como uma transgressão grave e sujeita a processo disciplinar, para a qual a sanção normal é a demissão.”

Andrea Doolan

Responsável pelas operações de planeamento de voos da Ryanair

E apela aos tripulantes que oiçam estas “falsas ameaças” que as denunciem à empresa por email — “para que possamos avançar com a ação legal apropriada contra os indivíduos ou sindicatos que estão a fazer estas falsas alegações“.

A empresa dá ainda conta de casos de “cyber bullying” feito contra os seus tripulantes, para que adiram à greve ou recusem operar a partir de outras bases. “Os tripulantes devem reportar quaisquer situações de intimidação ou assédio, que também serão tratadas com processos disciplinares, incluindo sanções que poderão chegar a demissões. Dois tripulantes foram recentemente demitidos por publicarem mensagens abusivas e ameaçadoras sobre colegas seus no Facebook e no WhatsApp”, ilustra a Ryanair.

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