Presidente chinês promete maior abertura para empresas estrangeiras

  • Lusa
  • 10 Abril 2018

A China vai abrir os seus sistemas financeiro e bancário à participação estrangeira e proteger melhor os direitos de propriedade intelectual, prometeu Xi Jinping no fórum de Davos asiático.

O Presidente chinês prometeu esta terça-feira reduzir os impostos sobre a importação de automóveis, abrir mais o mercado chinês e melhorar as condições para as empresas estrangeiras, numa altura de intensas disputas comerciais com Washington.

No discurso inaugural do fórum Boao, conhecido como o “Davos asiático”, Xi Jinping não mencionou o Presidente norte-americano, Donald Trump, mas mencionou pontos que são chave na crescente tensão com os Estados Unidos em torno do comércio e partilha de tecnologia. Xi prometeu que a China irá abrir os seus sistemas financeiro e bancário à participação estrangeira e proteger melhor os direitos de propriedade intelectual.

“A China não se fechará e irá abrir-se ainda mais”, afirmou Xi, na abertura do fórum Boao, que se realiza em Hainan, extremo sul do país, reafirmando a posição pró-globalização de Pequim, numa altura em que Trump avança com uma agenda protecionista. Pequim vai “baixar significativamente” as taxas sobre as importações de automóveis este ano e reduzir as restrições à participação de empresas estrangeiras naquele setor “o mais rápido possível”, disse o líder chinês. A China é o maior mercado automóvel do mundo.

No mesmo discurso, Xi Jinping não referiu diretamente a disputa, mas prometeu encorajar “o intercâmbio regular de tecnologia” e “proteger os direitos legais de propriedade intelectual das firmas estrangeiras”. Na semana passada, os Estados Unidos divulgaram uma lista de importações chinesas avaliadas, no conjunto, em 50.000 milhões de dólares (40.700 milhões de euros), e às quais propõem aplicar taxas alfandegárias, como retaliação pela “transferência forçada de tecnologia e propriedade intelectual norte-americana”.

Em reação, Pequim ameaçou subir os impostos sobre um conjunto de produtos norte-americanos, que em 2017 valeram o mesmo valor nas importações chinesas. No fim de semana passado, Trump ameaçou subir as taxas alfandegárias para produtos chineses num valor adicional de 100.000 milhões de dólares (81.000 milhões de euros).

Lagarde elogia esforço de abertura, mas alerta para divisões

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, enalteceu o desejo da China em se continuar a abrir, mas recomendou que o país termine com a divisão digital e regulatória.

O Presidente chinês, Xi Jinping, “foi muito especifico: falou da abertura de setores como a banca, seguros, automóveis, redução das taxas alfandegárias e barreiras, e um ambiente mais atrativo para as empresas estrangeiras”, destacou Lagarde, que elogiou ainda a vontade expressa por Xi em melhorar a proteção dos direitos de propriedade intelectual, destacando que isso contribuirá para o progresso do país.

A responsável do FMI apelou ainda ao país que termine com a divisão digital e regulatória. “Na Ásia, assistimos a um florescimento da ‘fintech’ [o uso de novas tecnologias por empresas do setor financeiro]. Isso revela a existência de ‘gaps’ regulatórios, que se não forem resolvidos nos níveis domésticos e transfronteiriço, podem causar riscos sistémicos”, afirmou.

Na Ásia, assistimos a um florescimento da ‘fintech’. Isso revela a existência de ‘gaps’ regulatórios, que se não forem resolvidos nos níveis domésticos e transfronteiriço, podem causar riscos sistémicos.

Christine Lagarde

Diretora-geral do FMI

Lagarde referiu ainda o que designa de “divisão na inovação”. A diretora lembrou que a inovação e novas tecnologia não pertencem mais apenas a um pequeno número de países, notando que dois terços dos ‘robots’ no mundo encontram-se agora no Japão, Coreia do Sul e China. “Devemos continuar assim e é através do comércio que a inovação continuará a ser partilhada. Além de ser um importador de tecnologia, a Ásia converter-se-á num exportador de tecnologia”, afirmou.

(Notícia atualizada com as declarações de Christine Lagarde)

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