Transformação Digital no País Real

O que faz um pai quando descobre que a filha precisa de um acessório musical para uma aula daí a dois dias? Na era digital, procura a melhor loja online.

A opção rápida recai na inevitável Amazon, mas antes de carregar em “Comprar ahora”, o preço da entrega mais rápida levanta a dúvida sobre a existência de melhores opções em Portugal. É aqui que o Google nos leva à desconhecida egitana.pt. Aspeto credível, produto facilmente encontrado, preço adequado e a promessa mais importante: receba amanhã. Checkout muito simples incluindo várias opções de pagamento e confirmação imediata após a compra feita, por email e SMS. E, claro, o importante link para o seguimento da entrega. O que se pode querer mais?

A surpreendente experiência leva a uma análise mais aprofundada para descobrir a transformação digital da histórica loja de instrumentos da Guarda (como o nome antecipava), fundada sugestivamente em 25 de abril de 1974. Esta loja online está particularmente bem desenhada, seguindo muitas das melhores práticas do comércio eletrónico mundial, desde a organização da informação, a pesquisa simples e poderosa, a rapidez, a boa utilização do marketing digital e o bem pensado processo de checkout. Nada disto é fruto do acaso, como foi depois confirmado pelo responsável do projeto que se manifestou muito atento ao que de melhor de está a fazer no eCommerce internacional e se declarou focado na criação da melhor experiência para o cliente. O objetivo é liderar o comércio de instrumentos musicais em Portugal, a partir da Guarda. E porque não?

O nosso país apresenta um atraso relevante na adoção do comércio eletrónico. Só cerca de 40% dos portugueses compra online, abaixo dos mais de 60% da média europeia. Este problema tem raízes na baixa escolaridade do país, mas também na relativa falta de oferta de lojas online portuguesas, que naturalmente podem oferecer entregas mais baratas e mais rápidas. É necessário apostar mais na transição para o comércio virtual, numa lógica de extensão dos negócios físicos, ganhando clientela de outras zonas e com outras necessidades – conveniência, por exemplo.

Este caso levanta também o tema muito importante das competências digitais. A Egitana tem acesso local a uma boa equipa técnica, que lhe permite desenvolver o egiptana.pt com a qualidade descrita. Aliás, cada vez mais se multiplicam os casos de núcleos de competências digitais que se formam fora de Lisboa e Porto, onde há boas escolas, o custo de vida é mais baixo e a estabilidade das equipas é maior. As maiores empresas também já descobriram esta espécie de ultra-nearshore.

Resta saber se as Egitanas deste país podem competir com os gigantes como a Amazon, mesmo quando esta entrar definitivamente em Portugal. Na lógica do copo meio cheio, podemos estimar que se há um lugar para o comércio local tradicional, também o comércio eletrónico local pode ter o seu espaço. Apesar das dificuldades de stock e preço, no caso do comércio especializado português, a vantagem coloca-se não só em termos geográficos, mas especialmente em termos linguísticos e culturais. A Egitana sabe mais de música no contexto português do que a Amazon. Em última análise cada um de nós escolherá sempre a melhor experiência para si.

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